Amazônia e Petróleo 1º round
A história que tem sido contada ao distinto público desde que se instalou a primeira grande polêmica na área ambiental do governo Lula, colocando
em lados opostos, a ministra Marina Silva e o presidente do Ibama,
Rodrigo Agostinho de um, e, do outro, o titular
das Minas e Energia, ministro Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras,
Jean Paul Prates, é a seguinte:
Amazônia e Petróleo 2º round
Após o veto do Ibama ao pedido de licenciamento feito pela Petrobras
para exploração das profundezas da região onde a companhia é instada a crer que
podem estar localizadas reservas de petróleo calculadas em cerca de 30 bilhões
de barris, a crise se instalou.
Amazônia e Petróleo 3º round
Em seguida a este primeiro não, a Petrobras anunciou que pediria ao Instituto que reconsiderasse a decisão quanto ao pleito de exploração na Foz do Amazonas, no litoral amapaense, onde a companhia se propõe a prospectar petróleo no bloco FZA-M-59, situado a 175 km da costa brasileira.
3 bilhões em investimentos
A prospecção requer investimentos de cerca de 3 bilhões de dólares.
Com efeito, a divergência se dá em torno de dois
aspectos fundamentais: o potencial da chamada “Margem Equatorial”, a qual para
um dos lados segue sendo apontada como o “novo pré-sal” e, claro e evidente, para o outro, os aspectos ambientais que envolvem a região.
Relevância e arbitragem
Como gosta de dizer o árbitro final da
questão, Lula, de quem se espera que bata o martelo a respeito, “antes tarde do
que nunca”, a polêmica em seu governo ganhou relevância no debate político, à
medida que envolve questões de natureza econômica, social e, naturalmente,
ambiental.
Paraense na área
Matéria assinada pelo jornalista Gui Mendes, na edição 271 da revista digital Crusoé, fundada pelo polemista Diogo Mainardi e o ex-redator chefe de Veja, Mario Sabino, fez o que os professores, cientistas e pesquisadores regionais reivindicam (com justa razão) desde sempre, e procurou ouvir um especialista local, no caso o geólogo e professor aposentado da UFPA, Luís Ercílio Faria Jr.
Breve currículo
Tudo leva a crer que o professor está do lado certo da contenda. Antes de entrar no mérito dos esclarecimentos que prestou à publicação, uma breve apresentação do seu currículo constante na plataforma Lattes:
Doutor
Ele é bacharel em Geologia (UFPA) e
doutor em Ciências Naturais pela Faculdade de Geociências da Universidade de
Würzburg, na Alemanha. Durante sua jornada acadêmica e de pesquisador, o professor tem
atuado, entre outras, com “ênfase” na formação de recursos humanos voltados
para as áreas da geologia costeira.
Alta qualidade
Até as cenas dos próximos capítulos, Luís Ercílio, que
estuda faz décadas a região, disse acreditar que, naquela profundidade média do
oceano, de cerca de 200 metros, existe uma bacia de petróleo de alta qualidade,
capaz de oferecer riquezas inéditas para o Amapá e ao arquipélago do Marajó.
Petróleo leve
Segundo ele, o petróleo que deve haver ali é leve e de uma “qualidade diferenciada”, demandando menos refino (custos) do que o minério produzido pelo mundo árabe.
Cartola
Professor que já dera aulas sobre as bacias sedimentares brasileiras, ele afirma, parafraseando Cartola, que “as rochas não mentem, elas registram as suas evoluções”.
Beneficiados
O geólogo afirma que, além de apoiadores do projeto de exploração, os ribeirinhos que moram na região são “amplamente favoráveis" a ela.
Manipuladores
Bom de briga, acusa (sem citar) ONGs que manipulam o debate desde que a British
Petroleum (BP) passou a explorar a região, utilizando, segundo ele, fotos de
outros locais.
Sedimentos não são corais
Uma
dessas ONGs, disse, fez uma proposta a partir de um mapa como se as imagens fossem de grandes recifes
de corais. Todavia, esclarece ele na entrevista, “há tempos” os mapas geológicos mostram que ali não
habitam corais “mas sim sedimentos trazidos pelo rio Amazonas”.
Até lá…
Quando o Ibama se posicionar sobre a reconsideração
requerida pela Petrobras, e Lula der sua palavra na queda de braço que ameaça,
de um lado, a permanência de Marina Silva no governo - um símbolo da área
ambiental -, e do outro a expectativa dos que justificam a busca por
desenvolvimento econômico e justiça social na região compreendida pela “Margem
Equatorial”, muitos fatos e versões permanecerão pipocando na imprensa.
União e desenvolvimento
Ocorre que a “Margem Equatorial Brasileira” se estende do Amapá
ao estado do Rio Grande do Norte, unindo grande parte dos atores influentes de
vários estados que apoiam a exploração, como Maranhão e Ceará, todos na
expectativa de verem jorrar investimentos e melhorarem os indicadores
socioeconômicos locais.