Amazônia, paraense e petróleo

14/07/2023 13:57
Amazônia, paraense e petróleo

Amazônia e Petróleo 1º round
A história que tem sido contada ao distinto público desde que se instalou a primeira grande polêmica na área ambiental do governo Lula, colocando em lados opostos, a ministra Marina Silva e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho de um, e, do outro, o titular das Minas e Energia, ministro Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é a seguinte:

Amazônia e Petróleo 2º round

Após o veto do Ibama ao pedido de licenciamento feito pela Petrobras para exploração das profundezas da região onde a companhia é instada a crer que podem estar localizadas reservas de petróleo calculadas em cerca de 30 bilhões de barris, a crise se instalou.

Amazônia e Petróleo 3º round

Em seguida a este primeiro não, a Petrobras anunciou que pediria ao Instituto que reconsiderasse a decisão quanto ao pleito de exploração na Foz do Amazonas, no litoral amapaense, onde a companhia se propõe a prospectar petróleo no bloco FZA-M-59, situado a 175 km da costa brasileira.  

3 bilhões em investimentos

A prospecção requer investimentos de cerca de 3 bilhões de dólares. Com efeito, a divergência se dá em torno de dois aspectos fundamentais: o potencial da chamada “Margem Equatorial”, a qual para um dos lados segue sendo apontada como o “novo pré-sal” e, claro e evidente, para o outro, os aspectos ambientais que envolvem a região. 

Relevância e arbitragem

Como gosta de dizer o árbitro final da questão, Lula, de quem se espera que bata o martelo a respeito, “antes tarde do que nunca”, a polêmica em seu governo ganhou relevância no debate político, à medida que envolve questões de natureza econômica, social e, naturalmente, ambiental.

Paraense na área

Matéria assinada pelo jornalista Gui Mendes, na edição 271 da revista digital Crusoé, fundada pelo polemista Diogo Mainardi e o ex-redator chefe de Veja, Mario Sabino, fez o que os professores, cientistas e pesquisadores regionais reivindicam (com justa razão) desde sempre, e procurou ouvir um especialista local, no caso o geólogo e professor aposentado da UFPA, Luís Ercílio Faria Jr.

Breve currículo

Tudo leva a crer que o professor está do lado certo da contenda. Antes de entrar no mérito dos esclarecimentos que prestou à publicação, uma breve apresentação do seu currículo constante na plataforma Lattes:

Doutor

Ele é bacharel em Geologia (UFPA) e doutor em Ciências Naturais pela Faculdade de Geociências da Universidade de Würzburg, na Alemanha. Durante sua jornada acadêmica e de pesquisador, o professor tem atuado, entre outras, com “ênfase” na formação de recursos humanos voltados para as áreas da geologia costeira.

Alta qualidade

Até as cenas dos próximos capítulos, Luís Ercílio, que estuda faz décadas a região, disse acreditar que, naquela profundidade média do oceano, de cerca de 200 metros, existe uma bacia de petróleo de alta qualidade, capaz de oferecer riquezas inéditas para o Amapá e ao arquipélago do Marajó.

Petróleo leve 

Segundo ele, o petróleo que deve haver ali é leve e de uma “qualidade diferenciada”, demandando menos refino (custos) do que o minério produzido pelo mundo árabe. 

Cartola

Professor que já dera aulas sobre as bacias sedimentares brasileiras, ele afirma, parafraseando Cartola, que “as rochas não mentem, elas registram as suas evoluções”.

Beneficiados 

O geólogo afirma que, além de apoiadores do projeto de exploração, os ribeirinhos que moram na região são “amplamente favoráveis" a ela. 

Manipuladores

Bom de briga, acusa (sem citar) ONGs que manipulam o debate desde que a British Petroleum (BP) passou a explorar a região, utilizando, segundo ele, fotos de outros locais.

Sedimentos não são corais

Uma dessas ONGs, disse, fez uma proposta a partir de um mapa como se as imagens fossem de grandes recifes de corais. Todavia, esclarece ele na entrevista, “há tempos” os mapas geológicos mostram que ali não habitam corais “mas sim sedimentos trazidos pelo rio Amazonas”.

Até lá…

Quando o Ibama se posicionar sobre a reconsideração requerida pela Petrobras, e Lula der sua palavra na queda de braço que ameaça, de um lado, a permanência de Marina Silva no governo - um símbolo da área ambiental -, e do outro a expectativa dos que justificam a busca por desenvolvimento econômico e justiça social na região compreendida pela “Margem Equatorial”, muitos fatos e versões permanecerão pipocando na imprensa.

União e desenvolvimento

Ocorre que a “Margem Equatorial Brasileira” se estende do Amapá ao estado do Rio Grande do Norte, unindo grande parte dos atores influentes de vários estados que apoiam a exploração, como Maranhão e Ceará, todos na expectativa de verem jorrar investimentos e melhorarem os indicadores socioeconômicos locais.

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