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E a montanha pariu um rato...

Jair Bolsonaro paz-e-amor e Alexandre de Moraes cordial frustram quem esperava a briga do ano. Incluindo eu.

Não vou mentir: eu queria ver sangue. Não literalmente, claro. Mas acreditei mesmo que o caldo ia entornar e o pau ia comer. Até me preparei para virar testemunha ocular da história: caneta, papel, laptop, Coca-Cola, CNN e dois salgadinhos de frango com catupiry lá do Seu Coxinha, o melhor do Conjunto Maguary. 

Eu estava pronto para assistir ao maior confronto ao vivo da política brasileira, desde o “pugilato” entre Jáder Barbalho e Antônio Carlos Magalhães no Congresso Nacional, há 25 anos. Por coincidência, foi também num 10 de junho, como este, mas em 1940, que Mussolini declarou guerra à França e à Inglaterra. Era esse o calibre da minha expectativa para ver o combate entre Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes no STF.  

De um lado, o ex-presidente que não tem papas na língua. Entre muitas polêmicas, já disse que a ditadura devia ter feito pior (“O erro da ditadura foi torturar e não matar”). Prometeu aniquilar os petistas (“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”). E xingou o ministro do STF (“Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha!”).

Do outro, um ministro do Supremo que não costuma fugir da briga e também cunhou suas frases de efeito. “Gostaria de lembrar que em Nárnia não há democracia, porque Aslan, que é o leão, que é o rei”, ironizou, a ser acusado de viver no mundo Nárnia. “Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo”, rebateu, ao responder às acusações da direita. “Vestido com sua tradicional vestimenta de periquito verde”, afirmou, referindo-se ao bolsonarista dono da Havan. 

Acontece que, parodiando o Barão de Itararé, de onde mais se esperava, não saiu coisa nenhuma. Surpreendendo a todos, durante as mais de duas horas da oitiva, o ministro Alexandre de Moraes foi cordial como um lorde. Dizem que ele quer apagar a má imagem de ranzinza. Já Bolsonaro, assumindo uma postura quase cândida, até pediu desculpas ao arqui-inimigo por tê-lo acusado de receber R$ 50 milhões para fraudar urnas eleitorais. Foi como se o Batman tirasse o Coringa para dançar quadrilha numa festa junina. Imaginei Moraes e Bolsonaro de braços dados no Arraial do Centur, enquanto o animador gritava: “Olha a cobra! É mentira!”, depois girando lado a lado ao comando: “Balancê!”.

No final das contas, além da cara de mau nas fotos, Bolsonaro negou todas as acusações feitas pelo Procurador-Geral da República. Admitiu que falou algumas bobagens, por causa do seu temperamento, voltou a pedir desculpas (“exagerei na retórica, o senhor sabe como eu sou”), jurou que nunca pensou em golpe, chamou os bolsonaristas-raiz de malucos, disse que jamais alterou a minuta golpista e praticamente acusou Mauro Cid de mentiroso. Parecia aqueles meninos que, para fugir da confusão, ficam repetindo: “Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”.

Agora, o jeito é guardar um salgadinho do Seu Coxinha e o resto da Coca-Cola para o próximo capítulo. En arrière!...


Crédito foto Min. Alexandre de Moraes: reprodução TV Justiça.
Crédito: Fellipe Sampaio - STF



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