A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, admitiu nesta
segunda-feira (23) ao podcast Café da Manhã, da Folha de São Paulo, que o
governo Lula se planejou para enfrentar a crise de seca e incêndios, mas
reconheceu que as estratégias ficaram aquém da realidade que se impôs.
"O que nós estamos descobrindo agora é que [o
planejado] não foi suficiente. E ter essa clareza e essa responsabilidade de
não querer mascarar a realidade ou minimizar a realidade faz parte de uma
postura republicana diante da sociedade", afirma.
A insuficiência da ação governamental é apontada por
pessoas de dentro e de fora do governo, virou munição política para a
oposição e pressionou a gestão petista —que intensificou anúncios nas últimas
duas semanas.
Lula anunciou que vai tirar do papel três propostas da
Ministra do Meio Ambiente: a criação do órgão da autoridade climática, do Plano
de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos e o marco regulatório da
emergência ambiental.
Tudo às vésperas da semana do clima da ONU (Organização das
Nações Unidas), em Nova York, onde Lula e Marina cumprem agendas.
Para Marina Silva, grande parte dos incêndios no país é de
forma criminosa —e com "indicativos" de conotação política,
acrescenta a Ministra.
Ela relata para a Folha que, em visita de Lula a comunidades
da Amazônia, na ida, não foram vistos incêndios. Na volta, porém, vários focos
de fumaça foram registrados pela janela do avião —indício de que alguém queimou
propositalmente aquela área, sabendo que a aeronave presidencial passaria por
ali, segundo avalia Marina.