O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou em vigor nesta semana o tarifaço definido desde o início de sua gestão. O Estadão preparou seis pontos para compreender o que está acontecendo e quais os efeitos desta decisão.
- O que são as tarifas definidas por Trump?
Na quarta-feira, 2, Trump anunciou que todos os produtos importados pelos Estados Unidos pagariam uma tarifa mínima de 10%.
Alguns países, segundo o Estadão, pagariam tarifas ainda maiores, como é o caso do Vietnã (46%) ou do Camboja (49%).
No caso da União Europeia, será de 20%. O Japão pagará 24%, e a China, que já havia recebido este ano uma taxação de 20%, terá mais 34%.
2. Por que essa “obsessão” americana pelas tarifas?
No anúncio das medidas, Trump afirmou que as novas tarifas vão corrigir anos de comércio “injusto”, em que outros países têm “roubado” a América. “Durante anos, os cidadãos americanos que trabalham duro foram forçados a ficar de fora, enquanto outras nações enriqueciam e se tornavam poderosas, em grande parte às nossas custas”, disse. ”Agora é a nossa vez de prosperar.”
O argumento principal é a intenção de “reindustrializar” os Estados Unidos. De acordo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, a meta do presidente é “reequilibrar o sistema econômico internacional”.
3. Quais os efeitos do anúncio das tarifas para o mercado?
As principais Bolsas de todo o mundo tiveram perdas gigantescas após o anúncio, na quarta-feira. Nos Estados Unidos, por exemplo, as perdas passaram dos 10% em apenas dois dias. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 4,84% na quinta-feira, 3, e mais 5,50% na sexta-feira, 4. Já o índice Nasdaq, que tem uma influência maior das empresas de tecnologia, caiu respectivamente 5,97% e 5,82%.
Nos últimos dois pregões, o valor de mercado das empresas listadas nos Estados Unidos encolheu em US$ 6,08 trilhões, intensificando uma tendência negativa que já vinha se desenhando desde o início do ano. Desde 20 de janeiro de 2025 — data da posse do presidente Donald Trump —, a destruição de valor já chega a US$ 9,81 trilhões, segundo dados levantados por Einar Rivero, CEO da consultoria Elos Ayta.
4. Quais as reações dos países atingidos
Na sexta-feira, 4, a China se tornou o primeiro país a responder, na prática, às tarifas globais anunciadas por Trump. O governo de Xi Jinping impôs uma tarifa de 34% sobre os produtos dos EUA, exatamente o mesmo nível da tarifa americana.
Os outros países atingidos reagiram em geral com perplexidade ao “tarifaço”, mas têm preferido aguardar um pouco antes de tomar alguma decisão. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por exemplo, afirmou que o anúncio foi um “grande golpe para a economia global”.
5. Como o Brasil foi atingido
O Brasil tem um comércio deficitário com os Estados Unidos — importa mais do que exporta — e acabou ficando no grupo menos atingido pelas tarifas de Trump. Os produtos brasileiros pagarão a taxa mínima estabelecida pelo governo americano, de 10%.
A notícia foi recebida com um certo alívio no País, já que a expectativa era bem pior.
Porém, alguns especialistas apontam também que, no longo prazo, toda essa mudança no comércio internacional provocada por uma guerra tarifária pode acabar sendo prejudicial ao País.
6. O que o “tarifaço” pode provocar na economia global
No mundo, a implementação das tarifas pode representar uma redução no crescimento global e até recessão em alguns países, de acordo com especialistas. O risco inflacionário também está no radar, assim como uma desorganização das cadeias globais.
Desde a década de 90, as cadeias de produção foram pulverizadas pelo mundo. A produção de um carro ou celular, por exemplo, recebe peças de vários países até ser fabricado inteiramente. Ou seja, o mundo está todo interligado e as tarifas de Trump vão desorganizar esse mundo.
Créditos da imagem: Getty Images.