Putin provoca a maior tensão mundial em meio século
A chegada da comitiva liderada por Richard Nixon, na primeira visita de um presidente dos Estados Unidos à União Soviética, ocorreu no dia 22 de maio de 1972, uma segunda-feira. Iniciou ali o fim da Guerra Fria, vigente entre os países desde o encerramento da 2ª Guerra Mundial, em 1945.
Agosto de 2023
Bem diferente da
situação de 1972, Vladimir Putin esgarça a corda da provocação e da
paciência ocidental até a casa do antes inimaginável e tornou-se um líder cada vez mais dependente
do apoio chinês.
A maior ameaça
Para quem achava que a resistência ucraniana duraria uma semana, a guerra contra o país agredido está cada vez mais cara para si dentro e fora do front e Vladimir Putin é uma ameaça real - a maior - a paz mundial.
Guerra total
Não precisa ser especialista em Rússia para saber que ele corre o risco de ser deposto pelos mesmos grupos que o colocaram na cadeira em que senta de forma despótica. Todavia, acuado, ameaçado e isolado, ainda pode provocar danos irremediáveis.
Mais provocação
Bem ao seu estilo de eterno KGB, o episódio dos três caças rondado sem autorização o limite do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), longe de ser mais um dos “factóides” típicos do seu atrevimento e megalomania, foi um ato com alto grau de perigo e no limite das consequências que um erro de uma missão militar como essa pode causar.
TV Britânica e O Globo
O fato foi revelado em 04 de agosto último no programa “Top Guns: Inside The RAF”, exibido pelo Canal 4, da tv britânica e revelado no Brasil nesta terça-feira, 22, em matéria na edição online no jornal O Globo, direto de Lossiemouth, na Escócia.
Youtube
As imagens filmadas do jato de defesa da Otan também podem ser vistas no Youtube. Elas registraram o momento em que o piloto do 9º Esquadrão da RAF foi enviado para acompanhar a aproximação do espaço aéreo pelos três caças russos.
Guerra na TV
O programa de TV apresenta imagens de operações militares nos céus do território europeu em meio à escalada de tensão após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Durante a operação, por alguns instantes, o piloto perde os russos de vista.
Erro fatal
Identificado como Jack, ele disse ao programa que na sua profissão não há margem para erros, “pois podem ter consequências catastróficas”.
Invasão e reação
Invadir o país terá consequências, Jack afirma convicto. Por outro lado, caso se deixe levar “pelo momento” e venha a colidir acidentalmente com uma dessas aeronaves, isso poderá levar a uma escalada para a 3ª Guerra Mundial, e ele é ciente disso.
Ausência
A divulgação no Brasil da ação nos céus europeus coincide com a ausência de Vladimir Putin na 15ª Cúpula dos Brics, que começou nesta terça, 22 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul.
Lula lá
Ausência esta sentida pelo amigão de Putin, o presidente brasileiro Lula, que reclamou a falta do autocrata na cúpula onde, segundo ele, discutiriam temas globais como a paz e a desigualdade.
Deboche
Era só o que faltava, falar de paz com o agressor antes de ouvir ou solidarizar-se com o país agredido. Perder tempo ou ser enganado por um urso gelado, que volta e meia fala em uso de armas nucleares, faz ameaças ao Ocidente e permite que caças rondem áreas não permitidas, os mesmos que, caso não fossem monitorados, invadiriam qualquer espaço aéreo.
Perigo iminente
O Amazônico deplora alarmismo. Mas o mundo nunca esteve tão perigoso nos últimos 50 anos e Vladimir Putin é a causa disso.
Ordem de prisão
A razão para a sua ausência na cúpula é a emissão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de uma ordem de prisão contra ele, em razão dos crimes de guerra que praticou na Ucrânia. O documento o culpa pela deportação ilegal de crianças ucranianas, conforme publicado por O Amazônico aqui em 19/07.
Distensão ou autodestruição
Voltando a 1972, além do distensionamento, a viagem do republicano
Nixon ficou marcada pela assinatura do Strategic Arms Limitation Talks I
(SALT-I), “Conversas Estratégicas para Limitar o Uso de Armas”, em tradução
livre.
Antes tarde
Os líderes de ambos os países sabiam que o poder de autodestruirem-se era dezenas de vezes maior que o necessário para isso. Passara da hora de frear esse gasto que se tornara estéril.
SALT-I
O acordo reduziu os sistemas antimisseis intercontinentais,
ABM em inglês, “Anti Ballistic Missile
System”. A limitação de armas de longo alcance pelo SALT-I possibilitou um equilíbrio militar entre o
Leste Europeu e o Ocidente.
Leonid Brejnev
Pela URSS, o signatário do acordo foi Leonid Brejnev. Internamente, o líder soviético era acusado por impor uma rígida política interpretada, por fim, como a causa de uma estagnação do país. A impopularidade em casa ajudou na distensão.
Assinatura e Realpolitik
A ideia por trás do acordo era evitar a ocorrência de novos conflitos de interesse que causassem tensões mundiais futuras. As medidas eram o primeiro passo para o que mais interessava às nações: um desarmamento capaz de gerar um efetivo sistema de segurança mundial.
Nunca foram flores
Ocorre que a geopolítica e interesses russos nas chamadas “esferas de influência”, o conflito Egito-Síria (1973), o apoio na Guerra do Vietnã para a parte Norte do país e questões africanas, geraram novos períodos tensos.
Outras crises
Outras crises ainda viriam a ocorrer, como o conflito Israel-Palestina, no Afeganistão, a queda do Muro de Berlim e o próprio esfacelamento do regime soviético, mas nada tão grave como agora.
Riscos
Rigorosamente nada aconteceu nessas cinco décadas que chegue nem perto dos riscos que Putin representa para o mundo após a invasão do país eslavo oriental, que comanda com requintes de crueldade e crimes de guerra. Os mesmos que o impediram de ir para Joanesburgo.