Lá vem o Milei

10/12/2023 07:10
Lá vem o Milei

O governo do "tudo ou nada" do outsider Javier Milei inicia neste domingo, 10 de dezembro de 2023. Internamente, a gestão do excêntrico cabeludo de fartas costeletas "a la Wolverine", larga em meio a uma atmosfera de torcida contra quase generalizada pelos seus detratores e opositores pertencentes às "castas" argentinas e ao peronismo velho, todavia, jamais cansado de guerra.

No Brasil e seus aliados párias como Venezuela, Cuba, et caterva, a turma do "quanto pior melhor" capitaneada pelo longevo pelego e sectário Partido dos Trabalhadores, segue a mesmíssima linha de boicote e conspiração contra.

Tal qual seu "xamã" tão envelhecido em suas ideias e rancores quanto, o ora presidente de meio Brasil, Lula da Silva. 

Sem contar que ambos permanecem manchados pelo nódoa da liderança no quesito maiores escândalos de corrupção do ocidente, e as artimanhas que vinham orquestrando para a captura e manutenção do status quo no país vizinho, tiveram início antes e continuaram durante a campanha presidencial. 

E isso se deu seja por meio de chancela ao bilionário financiamento do Banco dos Brics, seja pelo envio de marqueteiros para atuar na campanha do candidato derrotado, Sergio Massa, entre otras cositas más

No caso do cada vez mais isolado presidente brasileiro no mundo que presta, as democracias e economias do ocidente que se opõem à Vladimir Putin e ao Hamas, ainda vá lá que seja a torcida contra, na medida em que o novo presidente argentino desceu o sarrafo na figura envelhecida de Lula. 

Acrescente-se a isso a empatia mútua que envolve o hermano portenho e Jair Bolsonaro, e as declarações, ofensas públicas e privadas trocadas entre o petista e o economista e novo presidente que se define como libertário ou "anarco capitalista".  

O mesmo Milei acostumado a dizer, quando surgiu na TV, que o estado devia ser eliminado e os políticos representavam a casta, a escória, os parasitas, ladrões e lixo do país.  

"A casta está com medo"

Entre suas propostas de antes do resultado eleitoral que beiram o inacreditável, demandando o caminho do esquecimento completo, esclarecimento ou explicação ainda que difícil, mas, minimamente convincente que seja, estão o comércio legal de órgãos humanos e a regulação do mercado de crianças. Estupefaciente. 

Dois aspectos devem ser anotados para além da torcida contra e as ideias algo inimagináveis como a proposta de campanha do argentino em extinguir a autoridade monetária do país, o seu banco central: 

Primeiro, as raízes dos problemas que levaram mais de 55% dos eleitores a escolhê-lo vencedor. 

Segundo, como será possível a aprovação de propostas defendidas com vistas a enfrentar a hiperinflação e tirar da linha da pobreza ao menos parte dos cerca de 40% dos argentinos num parlamento onde sua bancada de apoio é minoritária e a ampla maioria lhe é hostil?

Cumpre renovar a lembrança sobre o guarda-chuva do peronismo ser capaz de abarcar um verdadeiro saco de gatos que vai da esquerda, atravessa o centro e se espraia à direita do espectro ideológico e político, e estar entranhado por todos os lados do estado argentino.

Tome-se como prova do anacronismo, o antes inimigo do Kirchnerismo, Sergio Massa, que se uniu à ex-presidente Cristina (vice do atual), a quem acusou no passado de se candidatar para garantir foro privilegiado. 

Ministro da Economia da presidência de Alberto Fernández desde 2022, sob sua batuta a inflação anual chegou a 140% e o "dólar blue", o câmbio paralelo de lá, passou de 290 para hum mil pesos. 

Freio de arrumação 

Olhando para trás, parece fácil entender a vitoriosa empreitada do cabeludo. Ocorre que, o Partido Justicialista e seus satélites se eternizam no uso e abuso da máquina e instituições argentinas de tal sorte, que não fosse o acordo com o ex-presidente Mauricio Macri, Patricia Bullrich e seus quase 24% dos votos no primeiro turno, a revirada de Milei decerto não teria acontecido.

14 medidas, cortes, subsídios e oposição

Neata segunda-feira, 11, a Argentina e o mundo aguardam as primeiras revelações das medidas que serão anunciadas pelo novo presidente. 

Em sua edição de sexta, 08, o jornal Clarín revelou que quatorze medidas devem ser anunciadas, incluindo cortes de gastos, fim de subsídios às tarifas de energia, liberação de preços de combustíveis e planos de saúde, aumento de impostos para importação, desvalorização da moeda e privatizações.

De acordo com o periódico, as iniciativas visam a obtenção de um déficit zero nas contas públicas já em 2024. 

A avaliação quase geral entre economistas é que, uma vez implantado, o pacote indica um profundo ajuste fiscal e, na esteira, a desaceleração da economia. 

Uma receita que encontra paralelo na doutrina de quase cinco séculos do pensador florentino Nicolau Maquiavel sobre o príncipe "fazer o mal de uma só vez" para que o povo o esqueça com o passar do tempo. 

Outro aspecto do duro ajuste fiscal é o aprendizado com os erros do governo de seu novo aliado Mauricio Macri, que optara por implementar reformas graduais e não obtivera êxito. 

MIlei e seu grupo sabem que irão enfrentar a ira de  alguns setores - sobretudo os mais vulneráveis - com os cortes nos subsídios.

Outro universo que não irá facilitar a vida do presidente é um parlamento hostil em sua grande maioria, onde pontificam quadros pertencentes às castas as quais ele tem atacado desde sua aparição, primeiro na TV, em seguida nas redes sociais e, finalmente, após ser eleito deputado. 

"Viva a liberdade, carajo…"

Com efeito, desde o resultado do segundo turno, Javier Milei dá sinais de mudança no caminho do pragmatismo e uma certa compostura ou liturgia presidencial, o que configura algo positivo, ainda que mantenha seu lado leonino, símbolo da sua campanha, ao lado da motosserra, que significa a maneira dele enfrentar a casta, o sistema e suas frases de efeito, as vezes escatológicas. 

Por aqui, quase a metade da população, parte daquela parcela de mais de 50 milhões que não votou no PT em 2022, e sabe da sua existência, torce para que ele triunfe, aja com diplomacia, pragmatismo e moderação quando o assunto for política externa e a relação com o parceiro estratégico que é o país. 

Francamente, o que realmente se espera no íntimo daqueles que não engolem a postura em matéria de política externa do governo Lula e, sobretudo, o que o seu partido fez em vários verões passados na Petrossauro, Mensalão e por todos os lados quando o assunto é corrupção, é que o PT chegue patinando, nas cordas, em 2026. 

E de preferência com a união dos governadores Tarcísio Gomes de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Jr., Eduardo Leite e tutti quanti juntos num segundo turno capaz de mandar o PT para o lugar de onde eles não deveriam ter saído desde 2018: a sua velha e sectária oposição do “quanto pior melhor".

Boa sorte, MIlei. E juízo e olho, carajo!


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