O inimigo da paz e do Ocidente

Não é de hoje que Vladimir Putin representa a maior ameaça de um novo conflito mundial

Crédito foto: Reprodução

03/03/2024 13:14
O inimigo da paz e do Ocidente

O mundo é um moinho, como bem disse o genial Cartola no título de um samba triste sobre os caminhos pelos quais sua filha estaria percorrendo rumo à própria tragédia pessoal.

No próximo dia 26 de março, o presidente francês Emmanuel Macron será recebido oficialmente em Belém com as honras de estado que o protocolo exige, para satisfação do anfitrião em solo paraense, o governador Helder Barbalho.

O outro anfitrião da agenda na cidade é o presidente Lula e a pauta do encontro bilateral é a COP 30, que ocorrerá na capital paraense em novembro de 2025.

Pelos caminhos do mundo, como no verso da poetisa, uma declaração do presidente francês sobre o envio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a Ucrânia, durante conferência convocada por ele com líderes europeus, na segunda-feira, 26 de fevereiro, em Paris, provocou a ira do russo Vladimir Putin e a ameaça de uso de armas nucleares capazes de extinguir a civilização mundial.

Apoiar o país agredido e invadido pelo autocrata russo há dois anos tem sido a tônica das nações desenvolvidas ocidentais.

A presença em solo paraense do chefe de estado francês, cuja pauta prevê também acordos de cooperação e bioeconomia, traz para o Pará e a América do Sul, o líder que reproduziu a fala e o pensamento de dezenas de outros representantes das nações preocupadas com a escalada da tensão entre a OTAN e Putin.

Cerca de 72 horas após a declaração de Macron a repórteres, na quinta-feira, 29, veio a ameaça aterradora do russo de utilizar armas nucleares "capazes de destruir o mundo".

Putin a proferiu durante o discurso feito em Moscou, oportunidade na qual afirmou a possibilidade de utilizar seu arsenal nuclear, se a OTAN enviar tropas para lutar contra a Rússia na Ucrânia. A fala transmitida mundo afora, como o tirano queria, foi dita aos parlamentares do país.

"Os líderes ocidentais não compreendem quão perigosa poderia ser a sua intromissão em 'assuntos internos'. As (nações ocidentais) devem perceber que também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto realmente ameaça um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Será que eles não percebem isso?", disse ele. 

Putin disse ainda que seu país possui um "arsenal nuclear amplamente modernizado, o maior do mundo".

Prontidão

Seguindo o tom ameaçador, ele também afirmou que seu governo mantém as forças nucleares estratégicas num "estado de prontidão total”.

Hitler e Napoleão

O russo não perderia a oportunidade de usar a retórica para lembrar que o francês Napoleão Bonaparte e o alemão Adolf Hitler foram derrotados no solo russo.

Irresponsável

França, Alemanha e Inglaterra compõem a OTAN. Todos os países apoiam a resistência ucraniana e condenam a agressão russa.

Ao lado deles está a maior potência econômica e militar mundial, os EUA, cujo presidente, Joe Biden, tal qual os três aliados europeus, sabe a gravidade que a ambição e métodos de Putin representam.

Poucas horas após a ameaça, Washington respondeu por meio do porta-voz do Departamento de Estado, Mathew Miller, que afirmou não ser a primeira vez que o mundo assistia uma "retórica irresponsável" do russo.

Dissuasão

A regra entre os países que pertencem ao "clube dos detentores de artefatos nucleares" é a dissuasão e a razão, simples: todos são capazes de destruir uns aos outros, portanto, ninguém joga ou dispara esses armamentos contra os outros.

Por trás

Não precisa ser Henry Kissinger ou Madeleine Albright (ambos judeus), para saber que Putin é um bicho acuado, quase desesperado.

Às vésperas de mais uma eleição fantoche, tal qual o regime que ele quer perpetrar na Ucrânia, logo após ter mandado assassinar seu principal opositor, Alexey Nalvany, o urso frio, assassino e vingativo precisa cada vez mais de bodes expiatórios, inimigos externos, laranjas, chamem-nos como quiser, no sentido de manter o povo, políticos que gravitam em torno de si e os militares sob o cabresto.

Ex e eterno KGB, ex-pupilo de Boris Yeltsin, com milhares de crimes jamais elucidados nas costas, o autocrata sabe que, na guerra de fato, uma entrada das forças da OTAN varreria por céu, terra e mar, todos os soldados russos de volta pra casa.

Doença

Uma derrota final no atoleiro que transformou a Ucrânia, o enfraqueceria ainda mais internamente, alimentando conspirações à la russo/soviéticas - império em que ele é obcecado por "resgatar".

No país, o modus operandi dessas conspirações são semelhantes àquelas usadas por ele: envenenamentos, "suicídios", explosões, tiro na nuca, golpe no coração, e por aí vai.

No caso específico dele, uma morte por "enfermidade letal", tal qual Stálin, seria uma saída ainda mais comum.

Cura

Aliás, parafraseando um dos personagens mais famosos do gênero policial do cinema nos anos 1980, o durão Marion Cobretti, mais conhecido como "Cobra", estrelado por Sylvester Stallone, que tinha como dístico ser a cura contra o crime, que seria a doença; atualmente esta, no caso, é Putin, um criminoso (doente mental frio) que representa a mais grave ameaça ao planeta e à paz mundial. E a intervenção da OTAN poderia representar a cura contra os males que o facínora personifica.

Álibis, causas e ambições

Em 1914, um ato isolado, os assassinatos em Sarajevo, capital da Bósnia, do arquiduque Francisco Ferdinando e da sua esposa, ele herdeiro do trono austríaco, no dia 28 de junho, foi o estopim para a crise sem precedentes na história.

Na Segunda Guerra Mundial, em 1939, o gatilho para a deflagração do conflito foi a invasão da Polônia pelos alemães, em 1º de setembro de 1939.

Todavia, tal qual Putin em relação à Ucrânia, de quem tomou a Crimeia por vias militares e unilateralmente em 2014, Hitler já havia anexado a Áustria e invadido o território da Tchecoslováquia.

Em 2023, um avião pilotado por um inglês em patrulha interceptou a invasão do espaço aéreo da OTAN por um caça russo.

A proximidade dos supersônicos originou um debate sobre a possibilidade do incidente ganhar proporções capazes de, a partir de um hipotético acidente entre ambos, tornar a escalada das tensões militares entre o grupo e a Rússia irreversíveis, culminando numa terceira guerra mundial. leia aqui.   

Ocorre que no caso das duas guerras mundiais e na ameaça atual, tudo gira em torno da ambição desmesurada. Primeiro do kaiser, depois de Hitler e agora de Putin.

Como gostava de dizer Lula em seus dois primeiros mandatos, do alto do seu triunfalismo e deslumbramento costumeiros, "nunca antes na história deste país" - e agora do Pará, um presidente francês esteve no solo paraense, ainda mais como desafiante de um autocrata tão perigoso e nefasto como o russo.

Tampouco em momento tão tenso desde o final da Guerra Fria, com o esfacelamento da URSS, em 1991, nas relações do ocidente com o país de povo eslavo e território dividido entre os continentes europeu e asiático.

Debacle da qual Putin é fruto e beneficiário, bem como o fim do regime e do império soviétivo serem a principal obsessão desse homem doente em sua sanha assassina.  

Helder, Lula e Macron

Até 26 de março, o mundo permanecerá acompanhando a escalada das tensões ou, o que todos desejam, o arrefecimento delas. Em solo brasileiro, a torcida será para que as reuniões entre os presidentes francês e brasileiro, tão entrosados nos tempos de Bolsonaro e nem tanto após a posse de Lula, se entendam e transformem o resultado em algum projeto relevante bilateral para a região.

Afinal, já era acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, muito graças ao protecionismo de um e desacordo com exigências em meio ambiente do outro.

Por aqui, a população também torce por alguma coisa boa entre o chefe de estado da nossa vizinha mais ao norte, a Guiana Francesa, e o Pará.

Reeleição

Se a reeleição é uma alternativa que não deu certo no Brasil, cuja discussão sobre o seu fim está na agenda do Congresso Nacional, o Pará não tem tanto do que se queixar, pois dos quatro candidatos que dela puderam usufruir, tudo indica que dois, Almir Gabriel e Helder Barbalho, foram melhores no segundo mandato.

De Almir já se pode afirmar. Sobre Helder, que deve ter pelo menos mais 26 meses à frente do governo estadual, após a conquista da COP 30 e a expansão do projeto das Usinas da Paz, a possibilidade de fazer segundo governo melhor que o primeiro já se descortina.

Guerra e gafes

Dito isso, preparem-se os fotógrafos para as fotos entre os três líderes no final do mês, torcendo para que as notícias vindas do front na Ucrânia e das agências russas não divulguem mais ameaças do matador de Moscou.

Além dos riscos globais, quem acompanha o Lula III já sabe como é… em meio e após banquetes e recepções, uma dose aqui, uma taça de vinho e outra de champanhe ali, e lá vai o brasileiro querer mediar a crise mundial e dar lições em Macron para que respeite o urso assassino e invasor.

Que não venha a guerra, ainda que Lula, o aliado de Putin, cometa mais um deslize monumental. 



PS1: Apesar do pavor que a figura nefasta de Vladimir Putin causa, um domingo de paz aos estimados (as) leitores.


PS2: Hoje, 03.03, é natal na Gávea. Para os rubro-negros, a importância da data só encontra paralelo no 15.11, aniversário do Mais Querido. SRN. 


   

Mais matérias Mundo