Último G20 antes da crise do multilateralismo

Especialistas preveem posse de Trump como estopim

16/11/2024 15:10
Último G20 antes da crise do multilateralismo

A Folha de S. Paulo, em reportagem nesta sexta-feira, 15, expuseram a visão de especialistas de que a reunião de cúpula presidida pelo Brasil, realizada no Rio de Janeiro na segunda,18, e terça-feira,19, é o último G20 antes da posse de Donald Trump e da morte do multilateralismo. 


Segundo a Folha, em seu primeiro mandato (2017-2021), Trump fez de tudo para minar a legitimidade do G20 e fortalecer arranjos bilaterais. Em três dos quatro anos em que o republicano participou da reunião do grupo, os Estados Unidos foram inflexíveis, e a cúpula terminou sem consenso.


Todos os países se comprometeram a apoiar as metas do Acordo do Clima de Paris, mas os EUA exigiram um parágrafo à parte, de dissenso, que começava dizendo que os EUA reiteravam sua decisão de se retirar do Acordo de Paris porque ele "prejudicava os trabalhadores e contribuintes americanos".


Na cúpula de 2019, Trump chegou a fazer uma tentativa de rachar o G20.


Para a Folha de S. Paulo, no segundo mandato, espera-se um Trump ainda mais refratário a arranjos multilaterais e fortalecido para cooptar outros países.


"Outros países alinhados a Trump, como Arábia Saudita, podem se unir ao time de ruptura de consenso em determinados temas", diz Oliver Stuenkel, professor da FGV e pesquisador-visitante da Kennedy School da Universidade Harvard, ouvido pelo jornal paulista.


O presidente eleito americano deve aumentar o leque de temas que são inegociáveis para os EUA, dificultando ainda mais um consenso. Agenda 2030, ajuda para o desenvolvimento, políticas para migração alinhadas a entidades internacionais e condenação do protecionismo são outros tópicos que podem gerar ruptura.


Stuenkel diz não achar que Trump irá sair do G20 —pois perderia um palco de destaque internacional em 2026, ano da presidência americana. 


"Mas ele será péssimo para o bloco, vai desmantelar o sistema multilateral; ele aposta em relações bilaterais, melhor foro para os EUA imporem sua força.", disse para a Folha.


Alguns diplomatas avaliam que o impacto de Trump no cenário internacional não será tão grande quanto na última vez em que foi eleito, em 2016, porque não se trata de algo inédito.


Resta ver se ele irá apenas minimizar a importância do G20 ou, no pior dos cenários, eleger o grupo como um de seus cavalos de batalha.


Créditos da imagem: Wikipédia.


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