Fico imaginando o deleite de Carlos Massa, vulgo “Ratinho”, com a repercussão da opinião dele sobre a COP 30 em Belém. “Não é cidade pra mostrar pro mundo”, protestou o apresentador no programa de rádio dele mesmo, na Massa FM, do alto de sua credibilidade...
Convenhamos: que importância tem, para Belém e o mundo, a palavra de um sujeito chamado Ratinho? Um homem conhecido pelo programa de TV apelativo, pelas baixarias, atitudes grotescas, comportamento racista e postura sensacionalista.
Importância zero, é claro. Não move nem a fila do pão.
Mas quando uma bobagem dessas cai na rede, os nossos internautas explodem. As reações vêm temperadas pelo ódio. Tem espaço para raiva, deboche, ironia, humor e, aqui e ali, o legítimo e às vezes embasado protesto contra a insensatez. Não é uma boa ideia cutucar o paraense com ideia curta.
Coisas assim, por mais idiotas que sejam, mexem com os nossos brios. O paraense é desse jeito. Lembra do hino? “Ó Pará! / Quanto orgulhas ser filho / De um colosso / Tão belo e tão forte...” Quando essa autoestima, hoje em dia bastante elevada, é provocada por quem quer que seja, com lugar de fala ou lugar de mala, o paraense raiz não deixa barato. Não será surpresa se a audiência do “pequeno rato” despencar no trópico úmido.
Esse episódio confirma, infelizmente, a ojeriza de Umberto Eco ao ambiente, muitas vezes nocivo, das redes sociais. O escritor tinha toda razão ao torcer o nariz, quando disse:
"As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade”, avisou. E ainda ralhou: “Hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis".
Não podemos esquecer, porém, que o “direito à palavra” citado por Eco, também chamado liberdade de expressão, não faz distinção entre pessoas do bem e do mal. É um direito fundamental de todos expressar a opinião. Exceto quando viola o direito do outro ou fere a lei.
O caricato Ratinho, por mais ridículo, equivocado e imbecil que seja, pode discordar da escolha de Belém como palco da COP 30. Mesmo que se expresse com argumentos dissolutos, raciocínio rasteiro, visível preconceito e total ignorância sobre o tema. E ainda que seja evidente, nessa opinião, a desprezível cretinice de quem se arvora a saber o que ignora.
Fez bem quem reagiu imediatamente às sandices do pequeno rato. Alguns exageraram, mas foi o calor característico da nossa terra. Daqui pra frente, a melhor coisa a fazer é deixar de assistir aquela porcaria de programa e ignorar as baboseiras que esse sujeito diz sobre qualquer coisa. A COP é nossa e pronto. Sugiro que entremos no modo Quintana:
“Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!”
Ou não. Bora ver. Te faz de doido, Ratinho...