Requintes de
crueldade
Somente incautos ou desavisados para crer na coincidência da operação que
fez busca e apreensão na casa do general Mauro César Cid, pai do enroladíssimo
tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da presidência de Jair
Bolsonaro, e as novas revelações sobre o "escândalo das jóias"
ocorrerem no mesmo dia do lançamento do PAC III, no Teatro Municipal, no Rio de
Janeiro, e ambas as matérias serem transmitidas no Jornal Nacional, uma após a
outra.
Metade do JN
Com cerca de vinte minutos de duração, a matéria sobre as escalafobéticas
transações envolvendo os suspeitos de sempre e as joias de alto valor dadas ao
governo brasileiro em nome do ex-presidente, possui todos os ingredientes para
ser usada como a pá de cal na expulsão do tenente-coronel do Exército
Brasileiro.
Alta traição
Para tanto, a Justiça Militar
deve considerar que Mauro CId, o filho, incorreu em crime de alta traição
contra a força e, na esteira, a pátria. Concomitante, amplos setores da
imprensa e grupos de pressão, de forma quase homogênea e detalhadamente organizada,
trabalham pelo banimento, execração e humilhação do oficial da força militar.
Conspiração e golpe
Como diria o atual inquilino do Palácio da Alvorada, Lula da Silva, o
"dado concreto", é que o governo Bolsonaro, suas atitudes e
comportamento muito aquém do que convém ao primeiro mandatário da nação,
deixaram claro que setores do oficialato militar, particularmente no exército,
coonestavam com a descrença do presidente atrabiliário no regime democrático
brasileiro e, ainda que de forma velada, muito provavelmente chancelavam suas
diatribes contra os demais poderes e instituições da República.
Derrota, lágrimas e
vingança
Passados mais de sete meses da posse de Lula e do putsch de 08 de janeiro, cada vez restam
mais claras as razões da depressão e dos choros públicos e privados de Jair
Bolsonaro após o resultado de 30 de outubro de 2022. Afinal, ele e sua tropa
sabiam o que tinham feito nos quatro verões passados em seu exercício na
presidência.
Ladrões de galinha
Ainda que as jóias sejam valiosas para quem não vive no
mundo dos super ricos, cumpre deixar claro que, perto de Mensalão e do Petrolão
dos bilhões, para ficar nos escândalos nacionais recentes, a polêmica atual
envolvendo o ex-presidente e oficiais militares é pinto.
Ovos de ouro
Perto das grandes falcatruas nacionais, o "escândalo
das jóias" revela muito mais sobre o que passava pela cabeça de parte do alto
comando militar em relação ao regime democrático pátrio, mantendo Jair
Bolsonaro no rol dos ladrões de galinhas e rachadores de salários de assessores
parlamentares, do que propriamente a lhes incluir no grupo dos grandes
dilapidadores do erário federal.
Pantomina completa
Para completar o grotesco e desinfeliz show de horrores, somente a patética e
servil presença do advogado e faz tudo, Frederick Wassef, aparecendo para reaver o
Rolex que deveria ser devolvido ao TCU. Pano. Para sempre, de preferência.
A volta da jararaca
Do outro lado da moeda, o antípoda de Bolsonaro, Lula da Silva, teve uma
sexta-feira para guardar na memória. Com plateia amiga,
aliados, adversários sob vigilância e atentos ao espetáculo no palco do
monumental Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, o atual presidente protagonizou
o lançamento do PAC III, com previsão de gastos e investimentos de 1,6 trilhão
de reais até 2026. Como ele bem disse em 2016, após uma condução coercitiva,
erraram o golpe na jararaca.
Triunfalismo
Com a pompa e circunstância que tanto gosta, Lula, ao lado da ex-presidente
Dilma de tantas péssimas recordações para o país, e que devia estar dando
expediente no outro lado do mundo, falou e disse. Só não lembrou que seu PAC I
realizou somente 9% do programado em infraestrutura até o final de seu segundo
governo, findo no dia 31 de dezembro de 2010.
Inferno de um e
paraíso do outro
A cerimônia de lançamento foi anunciada na escalada do JN e apresentada
após a matéria sobre o calvário dos Cids e de Bolsonaro, contando com a
presença de adversários do PT como Arthur Lira e os governadores Cláudio Castro
e Ronaldo Caiado.
Lula e Helder
Em contrapartida, um bom sinal para o Pará - que possui atualmente dois ministros
no governo federal -, ou mais uma razão para torcer pelo recebimento dos investimentos (ou parte) dos 75 bi previstos no programa para o estado, foi a escolha do paraense Helder Barbalho para falar em nome dos 21 governadores
presentes à solenidade. Se isso não significa força política e prestígio em alta, que mudem os significados dos vocábulos e locuções.
Desafios
Helder Barbalho tem diante de si uma variante de desafios para que se firme
no cenário em 2026 como um dos atores mais relevantes em torno da coalizão
lulo-petista. O primeiro deles é entrar para o seleto rol dos governantes que
fizeram um segundo mandato melhor que o primeiro.
COP 30 a vitrine
maior
A realização com êxito da COP 30 sacramenta
esta premissa. A segunda começa a ser cumprida com as vitórias dos aliados em
2024 e o sucesso nas eleições de 2026. Que o Pará e sua população se beneficiem
do espectro auspicioso que se avizinha.