De olho na classe média, governo federal amplia “Minha Casa, Minha Vida”.

Enquanto o paraense Jader Filho aposta num presidente forte em 2026, Lula profere mais uma fala machista.

13/04/2025 09:20
De olho na classe média, governo federal amplia “Minha Casa, Minha Vida”.

Houve um tempo, ali por volta do segundo mandato presidencial, entre 2007 e 2010, em que o PT apresentava Lula como o ser ungido e capaz de resolver qualquer problema por meio da sua lábia, carisma e linha direta com o grande público, as massas.

Era a época do “cara”, definição da qual mais tarde se arrependeria Barack Obama, bem diferente do atual quase octogenário que, de 2023 pra cá, toda vez que abre a boca de improviso sai uma besteira, ofensa, impropriedade e mais alguns pontos ladeira abaixo na desaprovação pessoal que tem se acumulado no horizonte do tri-presidente petista.

Desta feita, a pérola foi dita no "Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC)”, na última quinta-feira, 10, em São Paulo capital, uma realização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

“Mulherzinha”

Como não podia ser diferente, a declaração percorreu o país de norte a sul e foi reproduzida mundo afora por correspondentes de veículos e agências de notícias internacionais, na medida em que o parlapatão se referia a búlgara Kristalina Georgieva, atual diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O ataque foi proferido em meio a uma hipotética afirmação da gestora do fundo sobre previsão de crescimento da economia brasileira, em 2024, de 0.8% do PIB (o país crescera 3,4%), bem acima das expectativas gerais, muito mais em razão da herança bendita que o atual governo recebera e por adotar uma política econômica, fora a gastança desenfreada, antípoda ao ideário petista.

Faixa 4

Na semana anterior ao novo vexame, o governo petista havia anunciado a ampliação de 8 mil para 12 mil reais no valor do teto da renda das famílias que podem financiar um imóvel pelo programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida (MCMV)”.

Resumindo, a "Faixa 4" do programa irá oferecer juros menores que os praticados pelo mercado, com previsão de disponibilidade para novas contratações já em maio próximo.

Ministro das Cidades

Presente à ENIC, o ministro das Cidades Jader Filho disse em entrevista que o governo federal vai realizar a seleção de 100 mil novas moradias de até 500 mil reais, garantidos por algo em torno de 30 bilhões de reais via recursos do FGTS (15 bi) oriundos do pré-sal, somados a outra metade captada de recursos da poupança.

Ainda segundo o ministro paraense, a medida representa um potencial de atendimento inicial a 120 mil novas famílias.

Foco na classe média

No Portal UOL, matéria assinada por Bruno Luiz afirma que Jader Filho teria dito ainda que a nova faixa de renda do MCMV seria fruto de um entendimento do governo de que a falta de crédito imobiliário no mercado deixou essa parcela da população "desatendida".

O “dado concreto”, como diria o próprio Lula, é que a ampliação do programa habitacional  com foco na classe média se associa a outras medidas do governo com vistas a reversão da atual desaprovação do governo e do presidente nas pesquisas. 

Ainda que tenha negado ao repórter o viés eleitoreiro da medida, Jader Filho disse que "todo governo quer popularidade". 

O ministro acrescentou que a razão da ampliação da faixa se deu em razão da elevação da taxa Selic, fator de esvaziamento da caderneta de poupança, aplicação historicamente responsável pelo financiamento da casa própria pelas famílias brasileiras. 

Ainda segundo Jader Filho, após a diretriz presidencial sobre o uso do fundo social para o MCMV, ele sugerira a ampliação do foco do público alvo “porque as faixas mais baixas já estão atendidas”. 

Também na entrevista, o paraense apostou num Lula “muito forte” em 2026.

Grata surpresa

Antes desconhecido da política de Brasília em razão da sua origem como executivo na iniciativa privada, Jader Filho é um dos ministros que mais se destacam no atual governo, marcado genericamente até aqui pela mesmice.

Workaholic assumido, o paraense é tido como uma grata surpresa na atual gestão, tendo sido elogiado constantemente pelo presidente. 

Especulado como candidato nas próximas eleições, Jader Filho tem demonstrado habilidade política, ao tempo em que se esquiva de polêmicas e declarações que possam comprometer seus objetivos políticos e as metas estabelecidas na pasta cobiçada por praticamente por todo o condomínio partidário que compõe atualmente a Esplanada.

Novos tempos

Tendo como padrinho político o irmão e a bancada emedebista na Câmara dos Deputados, o presidente do MDB no Pará faz parte da “cota” paraense de ministros composta ainda pelo titular do Turismo, Celso Sabino.

Ambos são protagonistas, ao lado de Helder Barbalho, Hana Ghassan, o presidente da Alepa, deputado Chicão e do prefeito de Belém Igor Normando - onde reside a tal “expectativa de poder” - a nova safra de políticos promissores (governistas) aqui e em Brasília.

Na atual correlação de forças com a oposição que se prepara para a disputa nas eleições de 2026, destacam-se em Brasília os deputados federais Eder Mauro e Joaquim Passarinho, ambos do PL, e dois veteranos seguidos em Belém pelos também jovens políticos Toni Cunha, prefeito de Marabá e delegado licenciado da Polícia Federal, e o deputado Rogério Barra, filho do parlamentar federal bolsonarista que fez história na Polícia Civil.

Tão velho nas práticas quanto polêmico nas atitudes, outro jovem político, Daniel Santos, deve ser olhado como alguém em que ninguém confia, concomitante ao fato de estar abrigado com um pé no PSB, ainda que se coloque como o pré-candidato ao governo estadual e o outro pé no bolsonarismo. 

O enrolado prefeito de Ananindeua é dono de gestos que corrompem a democracia num país em que ser oposição fica restrito quase a  ⅓ dos parlamentares - quando muito -, entre as eleições gerais, a diplomação dos eleitos e início de qualquer governo

Moral da história

Nunca antes na história desse país no século XXI, o Pará teve tanto protagonismo em Brasília. 

Faltam seis meses e vinte e sete dias para o início da COP-30. 


Crédito ilustração: Fabio Rodrigues (Agência Brasil) e Ricardo Stuckert (PR)

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