A Getúlio Vargas, o presidente golpista que se tornou
ditador, foi chamado de “caudilho” e eleito democraticamente após a sua
deposição, voltando ao governo “nos braços do povo”, e de onde sairia “da
vida para entrar na História”, é atribuída a frase que segue: “metade dos meus
homens de governo é incapaz; e a outra metade é capaz de tudo”.
Dito isso, em terras paraoras, seria o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, capaz de tudo com vistas a se eleger governador do estado? E de preferência já em 2026?
Traição e presidência da Alepa
Por todas as evidências desde que surgiu para o grande público em 2018 como
o deputado estadual mais votado daquela eleição, a resposta é sim.
E mais: seria o “Dr Daniel” um caso clássico de portador de transtorno obsessivo compulsivo e, particularmente no caso dele, sua obsessão se chamaria governo do Estado do Pará?
O médico e político é um homem jovem, nascido em 1986, bem sucedido, mas tem pressa. E a pergunta se faz pertinente em razão da sua ambição pública e notória.
Tão surpreendente quanto a sua trajetória pública, quando elegeu-se vereador em 2012, e declarou à Justiça Eleitoral possuir um Toyota e 65 mil reais na conta, foi a notícia após sua eleição naquele 2018, de que abandonaria à candidatura da sua coligação ao governo em nome de uma aliança com o candidato franco favorito, recebendo em troca a presidência da Alepa.
Da mesma forma, o multimilionário crescimento do hospital tido e havido como seu, o Santa Maria de Ananindeua, mesmo após ser colocado em nome de terceiros, concomitante a sua eleição para a prefeitura do município.
Federal mais votada e PSB 2024
Casado com a médica Alessandra Haber, em 2022, o Dr Daniel
mostrou ao Pará que bastaram quatro anos para eleger a mulher a deputada
federal mais votada, com mais de 200 mil votos.
Desde sempre, seus atos, movimentos e atitudes, no caso durante a presidência da Alepa e sentado na cadeira de prefeito, deixavam claro que não seria o aliado de ocasião e governador Helder Barbalho, o responsável por definir para onde ele iria após uma provável reeleição como prefeito.
Bastou chegar o ano eleitoral e foi divulgado que ele deixaria o MDB, para onde foi de mala e cuia depois da traição e expulsão do ninho tucano, para que se tornasse neossocialista, como Geraldo Alckmin.
Gelo no sangue
Não resta dúvida que o movimento de 2024 do prefeito causou
embaraços na coligação que dá sustentação ao governo estadual. Numa ponta,
Daniel deixou o grupo hegemônico local, mas manteve-se no condomínio
lulopetista em âmbito federal.
Na outra, obrigou ao "dono" do partido no estado, o ex-deputado e atual secretário de Estado do Esporte e Lazer, Cássio Andrade, a divulgar nota e versão de que continuaria no comando da legenda. Só não se sabe até quando.
Para além dos constrangimentos em megaeventos como a COP-30, uma vez que seja reeleito como atestam pesquisas atuais, em 2026, caso se repita a chapa Lula-Alckmin, se for candidato ao governo, sua presença em palanques vai causar um Deus nos acuda, uma vez que ocorram eventos casados nas campanhas federal e estadual.
Sem contar na hipótese de Alckmin ser rifado da chapa e, com
isso, com a mesma naturalidade, frieza e novo cálculo, Daniel se transfira para
o PL e embarque numa candidatura de oposição nos braços do time do capitão.
Frota aérea e latifundiário
Outro traço do jovem nascido em Açailândia, no Maranhão, e
criado em Dom Eliseu, no extremo sul paraense, é a sua sem-cerimônia quando o
assunto trata dos sinais exteriores de riqueza que ostenta, sobretudo de 2017
para cá.
Nesses menos de sete anos, Daniel comprou mansão, latifúndios, rebanhos, aviões a jato e bimotor; passou a comandar com mão de ferro a destinação de convênios e repasses da área de saúde em Ananindeua e nos espaços que conseguiu no Estado até meados do rompimento, dando as cartas em um pool de hospitais para onde iam quase todos os recursos da área na cidade, nas esferas municipal, estadual e federal.
Helder e o princípio da lealdade
Como qualquer ser humano em geral e político,
particularmente, o governador do Pará é um homem dotado de virtudes e defeitos.
Critique-se seus erros e reconheça-se os acertos, pois desde 01 de janeiro de 2019, ele é o governador de todos os paraenses, independente de quem votou ou não em si no ano anterior. Assim pregam os bons costumes dos verdadeiros líderes.
Compare-se as votações dele nas duas eleições que venceu e chega-se a evidência do aumento da sua popularidade e da aprovação do seu governo.
Pois bem, após preencher os espaços da gestão com os aliados, em todas as ocasiões nos dois governos, Helder tem prestigiado e reconhecido a parceria e lealdade dos correligionários históricos do MDB local. Assim foi com a indicação do conselheiro Fernando Ribeiro ao TCE-PA, na vaga que cabia ao executivo.
No governo, se cercou no primeiro escalão de aliados da época da prefeitura de Ananindeua, e como exemplo da postura, a elevação de secretária de Estado a vice-governadora, da antiga auxiliar e técnica Hana Ghassan, entre vários outros gestos de apoio e apreço aos parceiros de antanho.
Outro exemplo é o deputado e presidente da Alepa, Chicão, prefeitos como Xarão Leão e até de outros partidos, tal qual o santareno Nélio Aguiar e a recente indicação da ex-deputada federal Ann Pontes pelos parlamentares estaduais, para ocupar o cargo de conselheira do TCM-PA, em uma das quatros vagas que cabem àquele poder.
Dito isso, resta claro que de um lado há um político no auge da sua popularidade e reconhecimento nacional, o governador Helder Barbalho, cujas escolhas e decisões têm se dado à luz do dia, sob o jugo da população em opinar se agira certo ou errado, mas que não se omitira em fazê-lo.
Do outro, um prefeito bem avaliado que dá mostras de querer enfrentar a máquina estadual e o poder de fogo do ex-aliado, disputando contra a escolhida dele o maior cargo público em âmbito estadual nas eleições que se avizinham para daqui a pouco mais de dois anos.
Daniel infiel
Dentre as muitas diferenças de perfil e liderança entre os
dois atuais mais promissores políticos paraenses, cumpre reconhecer em Helder
gestos de coerência e compromisso com o seu grupo de aliados partidários e para
além dos muros do MDB.
Já Daniel Santos é aquela esfinge que começou no PSDB durante seu reinado local, e de onde saiu expulso, se abrigando no MDB novamente governista até quando lhe foi conveniente.
O mesmo que trata o bolsonarismo no estado como seu eterno plano B, pois sabe que são votos que pode atrair gravitacionalmente.
Convém, naturalmente, deixar registrado ao estimado leitor e cara leitora, que todos os duelos e embates futuros dependem dos desígnios e dos destinos dos atores que se candidatarem ao palco central dos poderes municipal, estadual e federal.
Até aqui, parece que Daniel Santos só se sente à vontade, sem necessidade de trair, com seu velho padrinho Manoel Pioneiro e o parça de medicina, hospitais e candidaturas, o deputado Erick Monteiro.
Quatro vezes prefeito de Ananindeua, Pioneiro, que sonhava ser governador do Pará quase tanto quanto Daniel, é especulado para guardar o lugar, ops, ser vice dele este ano. Nada, nada, não se trata de um triste fim para o ressentido político que se diz traído por Simão Jatene e rifado pelo MDB local.
Aliás, aqui pra nós, e por falar em infidelidade e traições, de acordo com redes sociais e sites da fofoca, dizem as más línguas que até em casa o doutor não anda lá muito fiel… dizem.
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