Desdobramentos da Operação Plenitude: o barba, o homem-bomba e o bigode.

09/05/2024 16:14
Desdobramentos da Operação Plenitude: o barba, o homem-bomba e o bigode.

Ainda repercute na política, “páginas policiais” e na vida social de Belém, a realização pela Polícia Federal (PF), em 30 de abril, véspera do feriado do Dia do Trabalhador, da “Operação Plenitude”.

Pouco sugestiva a data, uma vez que se faça conexão entre o 1º de maio e as agruras da classe trabalhadora de um país que não consegue crescer em níveis minimamente esperançosos, possui uma economia estagnada e governos que patinam ao optar em repetir erros históricos, como a gastança desenfreada, por exemplo.

Enquanto a PF age, o trabalhador precisa de oportunidades de trabalho, crescer profissionalmente para, em seguida, quem sabe, empreender.

Ele também tem o direito de passar por crivos e ser testado em disputas que envolvam concorrência leal, meritocracia, cumprimento dos processos sob os rigores e regras da lei. 

Sobre a “Plenitude”, o que permanece nas versões vazadas para fontes aqui e acolá após o 30 de abril é o fato de que a operação mirou em um esquema e acertou num modelo celebrado entre “associados” que se perpetua há quase quatro décadas no Pará, mais especificamente a partir de Belém, sede da Terraplena Ltda, companhia que seria a grande investigada na capital paraense.

“Odebrecht paraense” 

Dito isso, o “caminho das pedras” para que sejam julgados e condenados os culpados pelos desvios e haja ressarcimento de pelo menos parte do que foi desviado, segundo uma das fontes ouvidas por O Amazônico, passa por um nome que foi citado entre os acusados alvos de busca e apreensão, mas com erro de informações.

Everton Pereira de Carvalho Jr., confundido como sendo irmão de Carlos Nascimento, sobre quem já se pode afirmar ser, tal qual ele, sócio de direito (no papel) da Terraplena Ltda, consta entre os que teriam sido alvo de busca e apreensão.

“O que tenho pra te falar pode transformar a Terraplena na ‘Odebrecht’ paraense”, afirma uma das fontes.

Noves fora as especulações em torno do escândalo que a PF desbaratou e as investigações falam girar em torno de 1,7 bilhão de reais em recursos desviados, no momento, adeptos da teoria da conspiração envolvem nomes e motivos de toda ordem para justificá-la etc. e tal.

Todavia, um efeito prático para condenações, responsabilizações e ressarcimentos demanda o devido processo legal e ampla defesa dos acusados.

Barba e Denorex

Em nome dos fatos e, particularmente, em razão dos núcleos e micro-organismos que povoam a Belém do poder e da corrupção neste submundo, cumpre separar nomes e indícios revelados pela operação.

Quanto ao “Barba” ou Denorex ao contrário, pois aquele “parece (remédio) mas não é”, por se tratar de um shampoo, velho slogan de uma campanha publicitária da época da criação da Terraplena, diz-se de um tudo, sobretudo que ele não está no papel, mas, ao contrário do remédio, “parece e é”, pois se trataria de sócio majoritário de fato da empresa.

Rastros de ódio e milhões de motivos

Sobre si, chega a chamar atenção a vontade de tanta gente querer falar dele. Mal, no caso. “O ‘Barba’, não está no contrato social, mas no ‘de gaveta permanece desde sempre’. O que posso afirmar é que o Carlos e o Everton são sócios no papel”, esclarece e continua a fonte denunciante:

“Segundo as redes sociais dele, o Mandachuva estava em Mônaco quando estourou a operação. Ele tem um apartamento de cinco milhões de dólares em Miami. No mínimo. O cara está tão milionário (em dólar), que aluga imóveis para a rede Walmart em Orlando, acredite se quiser”.

Segundo a denúncia, o “Barba” teria não apenas uma holding financeira, onde um familiar seria o dono de grande parte da fortuna que amealhou, mas outra, em mesmo nome, e dona do seu patrimônio imobiliário. 

“Ele se jacta que é dono do maior iate de Belém. Querendo imitar a granfinagem paulista, deu uma festança de sheik árabe no Palácio Tangará um tempo desses, antiga casa do bilionário Baby Pignatari, que foi o homem mais rico do Brasil. Mas o que atrai tanta negatividade contra si não é a grana, mas a ganância e o tanto de gente que passou pra trás”, afirma. 

Arrogância: traço comum

“Quanto a isso, gostar de aparecer, o Everton é o oposto dele. Ele curte Jeep, trilha, coisa de goiano. O que tem de discreto, também abunda em arrogância. Nisso, são idênticos. Também ama arrotar que é o maior especialista em lixo do mundo, além de adorar classificar os corruptos a quem entrega o dinheiro”.

“Por exemplo, um esquerdista aí, seria o melhor, segundo ele, pois quer tudo em dinheiro vivo.’“Este é profissional’, costuma dizer a respeito. Já o filho de um ex, queria um BMW zero pra começo de conversa”...

Homem-bomba

Segundo o denunciante, Everton Pereira de Carvalho Jr., o sócio e “faz-tudo” da Terraplena e antípoda do Barba quando o assunto é vida pessoal, pode se tornar o homem-bomba da história.

“Ele está no negócio desde quando o Papa-lixo, também de origem goiana, virou Terraplena. Adora dizer que ‘começou na gestão do Coutinho Jorge há quase 40 anos’. Esse cara é a memória viva de tudo. Se a coisa apertar, pode entregar todo mundo”.

É óbvio que ter a memória da trajetória da empresa capaz de transformar a operação numa investigação com desdobramentos e consequências judiciais e políticas sem precedentes na vida pública do município de Belém nessas quatro décadas, passa a ser alvo dos investigadores treinados para atacar toda e qualquer fragilidade de quem investiga.

Segundo nossa apuração, este verdadeiro “HD” passou por todos os governos de 1986 para cá, conhece técnica e internamente a Terraplena como ninguém, e tudo que houve em cada um dos verões e invernos passados.

Operações estruturadas

Quando uma das fontes ouvidas por O Amazônico falou em “Odebrecht paraense” a analogia primeira que veio à memória foi o infame “Departamento de Operações Estruturadas” da gigante baiana, que nada mais era do que a área da propina, da entrega do capilé a políticos e sequazes, cujas revelações envolveu tanta gente graúda de todo o Brasil.

Bons Companheiros

“Até aqui o Everton foi leal ao ‘Barba’. Ficou do lado dele em todos os conflitos, e olha que não foram poucos. Sobreviveu até ao pior de todos, que rachou a família do chefão pra sempre. Ele é caixa-preta, superintendente, operador, testa de ferro, chame como quiser. Agora, se vai delatar, tenho minhas dúvidas. A não ser que o negócio ganhe contornos ou se trate de acerto de contas, ainda que seja com a justiça”, diz um dos três que nos procuraram.

O que vem por aí

Se haverá conclusão e responsabilização, só o tempo vai dizer. Mas as três fontes ouvidas por este site são categóricas em afirmar que o “homem-bomba" dessa história toda é o goiano e sócio da empresa.

Testa de ferro

Segundo o Dicionário, se trata de nome masculino.

1. Pessoa que figura ostensivamente num negócio em vez do verdadeiro interessado.

2. Indivíduo que se apresenta responsável por actos de outrem.

Palavras relacionadas:

laranja

Edifício Premium e batida dois em um

Ainda que não divulgado, oficiosamente todos os comentários relativos à Operação Latitude, quanto aos endereços visitados na capital, afirmam que além de sócios, Carlos Nascimento e Everton Pereira de Carvalho Jr. são vizinhos. E mais: que a Terraplena Ltda tinha quatro unidades no mesmo prédio residencial, dos mais exclusivos de Belém.

Um seria de Everton, dois (em um) de Nascimento e o quarto estaria a disposição do “Barba”, fechadinho e “em dia com o carnê do baú”, afinal, ele jamais precisaria de aluguel.

Tivesse Belém uma Câmara de Vereadores que cumprisse o seu papel de fiscalizar, uma CPI já teria sido instalada. Resta ainda aguardar como irão prosseguir os demais órgãos de controle.

Fio do bigode

Como se pode observar até aqui, de um lado há um laranjal, quatro décadas de delinquência e muita coisa em jogo.

Do outro, mágoas, rancores e torcida para que os rigores da lei, finalmente, batam na porta de uma associação de homens que praticam a corrupção como se fosse a coisa mais normal do mundo no país da impunidade.

E uma relação forjada na confiança e no fio do bigode pode estar “por um fio”, desencadeando no maior escândalo da política paraense dos últimos quase quarenta anos. Como se dizia antigamente, o clima está tenso no Carandiru.

 Fui.

 

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