“Seis meses em política é uma eternidade”
Winston S.
Churchill
A crise
Quem quer ser prefeito de Belém em 2024?
Uma cidade com ares de desgovernada, falida, onde um funcionalismo público efetivo não enxerga razões para atuar motivado.
Uma administração direta inchada pelo acúmulo de cargos comissionados e estagnada financeira, social e politicamente.
Por essas e outras, sua população tem se exasperado com gestões nas quais pontificam, orgulhosas, a soma de uma mesmice interminável em sua mediocridade e outro tanto de problemas crônicos que parecem insolúveis.
Em alguns casos, convém deixar claro, os dilemas seguem submersos em questões complexas e de difícil solução.
Cemitério
Com raríssimas e antigas exceções, governar Belém tem sido
um cemitério de políticos que se elegeram de 1988 pra cá.
E as exceções à regra, diga-se de passagem, ocorreram alhures…
Dito isso, afinal, o que atrai mais de uma dezena de pré-candidatos a almejar tamanha encrenca e desgaste por um punhado de tempo que pode ser, um “piso” de quatro e o “teto” de oito anos?
Enquanto isso, visto o ocorrido nas últimas sete eleições municipais, de 1996 pra cá, quando o PT surpreendeu e elegeu Edmilson Rodrigues contra Ramiro Bentes, o candidato do então bem avaliado prefeito Hélio Gueiros, é eleger-se, ganhar um curto período de “imunidade”, irritar e exasperar dezenas de milhares de belenenses.
Potoca
Dessas sete eleições, Edmilson Rodrigues só não participou
de duas: 2004, quando não pôde ser candidato, e 2008. Perdeu em 2012 e 2016 para Zenaldo Coutinho, ainda que tenha liderado até o 1º turno em ambas. E haja
recall…
Coincidência ou não, nas eleições em que vencera no 2º turno por cerca de 2% dos votos, em 2000 (reeleição) e 2020, ele foi flagrante, indecorosa e impunemente privilegiado e beneficiado pelo Ibope.
Cumpre o registro, na medida em que o PT, O MDB, a torcida de Remo, Paysandu, os flamenguistas paraenses e quase todo mundo está farto de “Ed Potoca”, assim alcunhado pelos militantes do seu partido, o PSOL.
Oportunidade
Belém é uma capital com importância histórica e geopolítica
incontestáveis.
Mérito da liderança de Helder Barbalho, em 2025 a cidade vai receber a COP 30, e isto pode representar uma virada de chave e tanto na vida da cidade e no humor dos seus moradores.
Equivocada ou não, a menção ao ideograma chinês que fala em crise e oportunidade une políticos de todos os matizes e espectros com vistas a substituir, pelas urnas, o desgastado prefeito atual.
A eterna crise dele neste terceiro mandato referenda as ambições, chances ou oportunidades de vitória envergadas por todos que querem o seu lugar.
Cada um (a) sendo movido por suas respectivas razões genéricas e outras muito específicas, fáceis de responder, e relativas às vaidades pessoais de atores e atrizes que têm atuado no cenário político local.
Quem sentar na cadeira mais importante do Palácio Antônio Lemos a partir de 01 de janeiro de 2025 será, protocolarmente, co-anfitrião da maior conferência anual e mundial sobre o clima com selo da ONU, que no ano em tela ocorrerá direto do coração da Amazônia.
Celso Sabino, Lauro Jardim, O Globo e UB
Com judiciário e legislativo em recesso, janeiro em Brasília é meia boca; sempre com atenção aos plantonistas e fatos políticos…
No primeiro mês do ano, a rotina invariável do executivo depende dos atos e humores do inquilino do circuito Planalto/Alvorada, como no caso da esvaziada cerimônia sobre o putsch de 08 de janeiro de 2023.
No Pará, é mês de chuva e tempo nublado, de um pseudo marasmo.
No Rio de Janeiro, verão escaldante, fuga dos remediados para as praias da Região dos Lagos, região serrana e sul do estado (Angra, Paraty)...
Enfim, no domingo, 07 de janeiro, duas notas destacadas publicadas na coluna do jornalista Lauro Jardim, em O Globo, afirmam que o União Brasil (UB), presidido no Pará pelo próprio, avalia lançar Celso Sabino à PMB.
Jogo em aberto
O partido trata, pela natureza do que foi passado ao
principal colunista de notícias de política do periódico, que o atual ministro
do Turismo e deputado federal licenciado pode ser um forte candidato ao
Antônio Lemos.
Como em política não há inocente, muito menos determinadas “pesquisas de opinião”, o dado concreto, como diria Lula, é que, caso a candidatura de Celso Sabino se confirme, a briga pela cadeira aumenta e, sobretudo, o peso de Edmilson Rodrigues para o bem e o mal na disputa, também.
Para o bem, porque é notório o compromisso do presidente com o partido de Edmilson em Belém e São Paulo, não necessariamente nessa ordem. Como é pública a relação amistosa e o prestígio de Helder (e família) com Lula.
Para o mal, em razão da sua rejeição gigante e a dificuldade, pelo número de possíveis candidatos, em chegar ao 2º turno com condições de vitória.
E não precisa ser PhD em política por Sorbonne ou Columbia para intuir que cada movimento nas peças do governador deve ter a chancela e/ou o “de acordo” do chefe petista. O que torna, por si só, muito delicada qualquer costura local.
Além do fogo nada amigo no diretório petista local, resta claro que o acordo de Lula com Boulos (e agora Marta) na praça principal da disputa nacional, irá carregar o ônus da péssima avaliação de Edmilson, citada por nove entre dez adversários do psolista paulista, e até por deputados do próprio partido.
Como todos também sabem que, caso a reprovação de Edmilson continue no mesmo patamar, não será pequeno o preço e o desgaste que Lula e Helder, seus apoiadores vitais, podem enfrentar entre os eleitores locais.
10 candidatos?
Por aqui, somente no MDB, o governador tem o federal José
Priante, o estadual Zeca Pirão e a secretária Úrsula Vidal como aspirantes. No
mínimo.
Na coligação que o apoia, o secretário e deputado Igor Normando (Podemos ou outro partido), o líder do PSD, Gustavo Sefer e, agora, segundo O Globo, Celso Sabino, do UB. Por ora.
Pelo centro e restante da disputa, os pseudo adversários do MDB, Everaldo Egushi e Thiago Araújo.
Para onde irá a esfinge Simão Jatene e seu núcleo restante, à frente o ex-deputado federal Arnaldo Jordy, é outra incógnita.
E à direita (ou extrema), o PL do enfant terrible do bolsonarismo raiz, Éder Mauro.
Somados MDB, PT?, partido do Egushi, inclusão do Normando ou não como um vice de Edmilson pelo PT, PSOL, UB, PSD, a federação PSDB-Cidadania, PL e/ou outras surpresas, o resultado pode ser entre oito e dez candidaturas à prefeitura.
Lula, Helder, Sabino e o xadrez de 2024
A batata de muita gente vai assar. Que a escolha de um em
detrimento de outros irá deixar cicatrizes, mágoas e acusações de traição para
alguns lados, é certo como dois e dois são quatro.
As datas eleitorais e convencionais são questão de tempo.
Até lá, muita nota, fatos e versões irão brotar por todos os lados em impressos, digitais, rádios, TVs e pelos bailes da vida.
Mas quem saiu na frente, com o prestígio das notas de domingo, mudando os cenários de Belém e Brasília neste janeiro chuvoso pra cá e insípido por lá, foi Celso Sabino.
Que por acaso, nada disse a respeito.
Logo ele, que sempre levou tão a sério a interlocução com a turma das redes sociais.
Como diria o Elio Gaspari, o ministro do Turismo “mexeu as brancas".
A capacidade de antevisão do tempo por Churchill e as datas e caprichos da política, dirão o resto.