Eleições 2024: Vai começar a guerra.

Fatos, versões, traições e festival de "plantações" marcaram período pré-eleitoral.

04/08/2024 11:36
Eleições 2024: Vai começar a guerra.

Regras

Reza a lenda de que quanto mais os preferidos dos governantes são alvejados por falsas notícias, mentiras ou até algumas verdades inconvenientes, aí mesmo que eles se tornam os escolhidos nas disputas por espaços, cargos e poder.

Cristalino

As lições que ficam, é que as intrigas, notas ou matérias divulgadas a torto, à direita e à esquerda no Brasil contra esses ungidos pelos donos das canetas que nomeiam e exoneram, são quase sempre estéreis e beiram o ridículo, tornando-se entre o humilhante e o farsesco para quem as propaga, tão logo se conheçam as decisões de quem manda que, invariavelmente, coincidem com datas e prazos eleitorais.   

Exceções I

Citando um caso ao contrário, mas com o mesmo fim, tome-se como exemplo a afirmação do então presidente Jair Bolsonaro, de que poderia ser passível até de demissão caso alguns de seus ministros fossem elogiados por O Globo, Folha ou Estadão.

Exceções II

Para que um enfant gaté seja abatido em pleno voo, como o ocorrido com o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), até outro dia virtual candidato à vice-prefeito de Eduardo Paes à reeleição no Rio de Janeiro, o "batom na cueca" tem de ser um tiro de canhão na reputação do pretenso escolhido, com chances reais de contaminar uma vitória da chapa, ainda que favorita.

Só Pra Contrariar 1

Quem esqueceu a fala de Lula, presidente eleito, de que, já que estavam criticando uma hipotética indicação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES, pois o escolhido seria ele mesmo? Tipo "só pra contrariar".

Só Pra Contrariar 2

E mais recentemente, quando reveladas as visitas da esposa de um chefe de organização criminosa ao Ministério da Justiça, à época chefiado por Flávio Dino, sobre quem acreditava-se (incluído este um que vos escreve), que as chances dele ser o escolhido para a vaga da ministra do STF que se aposentava, Rosa Weber, tinham cessado com o escândalo. E quem foi o escolhido?

Cássio Andrade

Ex-deputado federal, bem-quisto pelo antigos pares de parlamento e com fama, de um lado, de ser cumpridor de acordos, e do outro, de ser governista como um membro honorário do Centrão, o jovem político foi alvejado sem dó nem piedade durante o período pré-eleitoral.

Detratores ou adversários?

A plantação de notas, matérias e notícias nada despretensiosas - quase diárias - publicadas, sobretudo, entre março e julho e encomendadas por um time composto por profissionais do marketing/militância política, jornalistas, colunistas, blogueiros, editores de cadernos e outros, tinha como objetivo, numa ponta, minar a sua indicação para a vaga de vice-prefeito e, na outra, colocar a jornalista e política Úrsula Vidal no lugar.

Trajetória

Desde sempre identificada com a esquerda, a secretária de Cultura do Estado nos governos Helder Barbalho foi candidata pela primeira vez em 2014 pelo PPS, antigo PCB, sob a liderança no Pará do ex-deputado Arnaldo Jordy. Depois disso, ela passou por REDE, PSOL, MDB, chegando em 2024 ao União Brasil (UB).  

PMB, Senado, Câmara

Em 2016, candidata a prefeita de Belém pela REDE, teve desempenho que a fez sonhar com voos mais altos, o que a levou a se candidatar ao Senado, em 2018, desta feita pelo PSOL.

Helder e o MDB

Derrotada para a Câmara Alta naquela eleição, Ursula apoiou Helder e aceitou seu convite para a Secult, de onde saiu em 2022 para candidatar-se (já filiada ao MDB), à deputada federal, voltando ao cargo após não ser eleita, em 2023.

Malgrado

De volta à Secult, a secretária desincompatibilizou-se para ser candidata nas eleições municipais, dessa vez filiada ao UB, cuja costela tem origem na UDN, ARENA, PDS, PFL, DEM, partidos que deram sustentação ao regime militar (1964-1985).

*Barrigada do ano

Contra todas as evidências de preferência do candidato pelo pessebista e com as “plantações” pró Úrsula e contra Cássio Andrade elevadas ao paroxismo, cujo ápice deu-se no segundo final de semana de julho, quando várias colunas e matérias destacaram que ela tinha sido indicada vice de Igor Normando (MDB), faltando apenas a chancela do governador, veio o desmentido, a queda e o coice.

Só que não

Na terça-feira, 16, a negativa sobre ela ser a vice foi revelada pelo site O Antagônico, do jornalista Evandro Corrêa, que se confirmaria, primeiro com rumores sobre a indicação de Cássio, em seguida com a confirmação do seu nome na convenção do MDB, no sábado, 03 de agosto.

Marqueteiro

A jornalista Úrsula Vidal é casada com o antigo marqueteiro do PT e PSOL paraenses, Chico Cavalcante. O vínculo entre ambos e, sobretudo, as digitais dele nas "plantações" de notícias destacando a importância, relevância e capilaridade da política, restam evidentes desde eleições que já contam quase uma década.

Brilho próprio

Úrsula sempre teve brilho e luz próprias. Seus últimos passos podem deixar transparecer, neste mundo polarizado de narrativas, eternos vitimismos e guerra dos sexos, algo de misoginia ou chauvinismo, mas trata-se, de fato e tão-somente de jogo político, luta pelo poder e cálculo por todos os lados.

Favorito

Desde a redemocratização e as eleições de 1985 - a primeira após 1964 - vencida pelo favorito Coutinho Jorge, apenas em 1992, com Hélio Gueiros, e em 2004, na primeira vitória de Duciomar Costa, nunca antes na história de uma eleição em Belém, nos últimos 60 anos, um candidato chega tão favorito como Igor Normando.

Disparada

Igor Normando partiu, em 15 de março, quando foi lançado pré-candidato, de menos de 5% das intenções de votos para mais de 17% apenas dois meses depois, em maio, quando se apostava que ele somente atingiria patamar semelhante em setembro, auge da campanha na TV, rádio e nas ruas.

Popularidade

Ao tempo em que confirmou a alta popularidade do governador, das Usinas da Paz em Belém, e da capacidade de transferência de votos de Helder, a sua dianteira minou praticamente de vez a candidatura de Edmilson Rodrigues, reuniu partidos aliados, e viu nascer quase isoladas as outras candidaturas que, excetuada a de Éder Mauro - o inimigo da hora, do PL de Bolsonaro e dos familiares de ambos, possuem reduzidas chances de vitória.

Vale muito

Mais do que nunca, de um lado se tem o leque e a capilaridade da união de forças políticas tradicionais e, do outro, um político e franco atirador como Éder Mauro, com milhares de votos e um temperamento abrasivo que afasta aliados na capital.

Errar pouco

Igor Normando tem como desafio se mostrar preparado e à altura para gerir Belém antes, durante, e depois da COP 30 e, desde já, errar o mínimo possível na campanha que se inicia, não escorregando nas cascas de banana que irão colocar no seu caminho até outubro, em debates, nos eventos públicos na era da internet, das fake news e do vale tudo das redes sociais.  

Arco de Daniel

Na miríade de partidos brasileiros, suas complexidades e contradições, o Cidadania e o PL de Ananindeua estão com o neossocialista Daniel. Já em Belém, o PSB tem a vice de Igor e o Cidadania, que forma uma federação com o PSDB, está com o candidato do MDB, e mais oito partidos.

A guerra pelo PSB

Terminada a guerra nas urnas, tudo que está em jogo a partir de janeiro de 2025 e a conferência com ares de poder representar um "antes e depois" para a cidade, caso vençam Igor (e Cássio) em Belém, e Daniel em Ananindeua, reiniciarão com as digitais de sempre, as plantações de notinhas sobre quem vai dar as cartas no partido fundado por Miguel Arraes, com fulcro nas eleições de 2026.

Nem tudo dá

Ao contrário do que escreveu Pero Vaz de Caminha na carta ao rei de Portugal após chegar à Bahia, a turma do plantio exacerbado viu mais uma vez que nem "tudo que se plantando" no Bananão, sempre dá.

Chumbo grosso

De agora em diante, convém esquecer qualquer cortesia, fidalguia, fair play. O “porradal" entre torcidas rivais na convenção do MDB? Esquece. A guerra, ops, a campanha está no início e o couro vai comer. Tirem as crianças da sala, que vem por aí baixaria, jogo sujo e vale (quase) tudo pela vitória em outubro.


*Barrigada: informação errada no jornalismo.

 


Siga o Podcast do Amazônico no YouTube
podcast do Amazônico - Facebook
@podcastdoamazonico - Instagram


Mais matérias Política