Regras
Reza a lenda de que quanto mais os preferidos dos
governantes são alvejados por falsas notícias, mentiras ou até algumas verdades
inconvenientes, aí mesmo que eles se tornam os escolhidos nas disputas por
espaços, cargos e poder.
Cristalino
As lições que ficam, é que as intrigas, notas ou matérias divulgadas a
torto, à direita e à esquerda no Brasil contra esses ungidos pelos donos das
canetas que nomeiam e exoneram, são quase sempre estéreis e beiram o ridículo, tornando-se
entre o humilhante e o farsesco para quem as propaga, tão logo se conheçam as decisões de quem manda
que, invariavelmente, coincidem com datas e prazos eleitorais.
Exceções I
Citando um caso ao contrário, mas com o mesmo fim, tome-se como exemplo a
afirmação do então presidente Jair Bolsonaro, de que poderia ser passível até
de demissão caso alguns de seus ministros fossem elogiados por O Globo, Folha ou Estadão.
Exceções II
Para que um enfant gaté seja
abatido em pleno voo, como o ocorrido com o deputado federal Pedro Paulo
(PSD-RJ), até outro dia virtual candidato à vice-prefeito de Eduardo Paes à
reeleição no Rio de Janeiro, o "batom na cueca" tem de ser um tiro de
canhão na reputação do pretenso escolhido, com chances reais de contaminar uma
vitória da chapa, ainda que favorita.
Só Pra Contrariar 1
Quem esqueceu a fala de Lula, presidente eleito, de que, já que estavam
criticando uma hipotética indicação de Aloizio Mercadante para a presidência
do BNDES, pois o escolhido seria ele mesmo? Tipo "só pra contrariar".
Só Pra Contrariar 2
E mais recentemente, quando reveladas as visitas da esposa de um chefe de
organização criminosa ao Ministério da Justiça, à época chefiado por Flávio
Dino, sobre quem acreditava-se (incluído este um que vos escreve), que as
chances dele ser o escolhido para a vaga da ministra do STF que se aposentava,
Rosa Weber, tinham cessado com o escândalo. E quem foi o escolhido?
Cássio Andrade
Ex-deputado federal, bem-quisto pelo antigos pares de parlamento e com
fama, de um lado, de ser cumpridor de acordos, e do outro, de ser governista
como um membro honorário do Centrão, o jovem político foi alvejado sem dó nem
piedade durante o período pré-eleitoral.
Detratores ou adversários?
A plantação de notas, matérias e notícias nada despretensiosas - quase diárias - publicadas, sobretudo, entre março e julho e encomendadas por um time composto
por profissionais do marketing/militância política, jornalistas, colunistas,
blogueiros, editores de cadernos e outros, tinha como objetivo, numa ponta,
minar a sua indicação para a vaga de vice-prefeito e, na outra, colocar a
jornalista e política Úrsula Vidal no lugar.
Trajetória
Desde sempre identificada com a esquerda, a secretária de Cultura do Estado nos
governos Helder Barbalho foi candidata pela primeira vez em 2014 pelo PPS,
antigo PCB, sob a liderança no Pará do ex-deputado Arnaldo Jordy.
Depois disso, ela passou por REDE, PSOL, MDB, chegando em 2024 ao União Brasil
(UB).
PMB, Senado, Câmara
Em 2016, candidata a prefeita de Belém pela REDE, teve desempenho que a fez sonhar com voos mais altos, o que a levou a se candidatar ao Senado, em 2018, desta feita pelo PSOL.
Helder e o MDB
Derrotada para a Câmara Alta naquela eleição, Ursula apoiou Helder e
aceitou seu convite para a Secult, de onde saiu em 2022 para candidatar-se (já
filiada ao MDB), à deputada federal, voltando ao cargo após não ser eleita, em
2023.
Malgrado
De volta à Secult, a secretária desincompatibilizou-se para ser candidata
nas eleições municipais, dessa vez filiada ao UB, cuja costela tem origem na UDN, ARENA, PDS, PFL, DEM, partidos que deram sustentação ao regime militar
(1964-1985).
*Barrigada do ano
Contra todas as evidências de preferência do candidato pelo pessebista e com as “plantações” pró Úrsula e contra Cássio Andrade elevadas ao paroxismo, cujo ápice deu-se no segundo final de semana de julho, quando várias colunas e matérias destacaram que ela tinha sido indicada vice de Igor Normando (MDB), faltando apenas a chancela do governador, veio o desmentido, a queda e o coice.
Só que não
Na terça-feira, 16, a negativa sobre ela ser a vice foi revelada pelo site O Antagônico, do jornalista Evandro Corrêa, que se confirmaria,
primeiro com rumores sobre a indicação de Cássio, em seguida com a confirmação do seu nome na convenção do MDB, no sábado, 03 de
agosto.
Marqueteiro
A jornalista Úrsula Vidal é casada com o antigo marqueteiro do PT e PSOL
paraenses, Chico Cavalcante. O vínculo entre ambos e, sobretudo, as digitais
dele nas "plantações" de notícias destacando a importância,
relevância e capilaridade da política, restam evidentes desde eleições que já
contam quase uma década.
Brilho próprio
Úrsula sempre teve brilho e luz próprias. Seus últimos passos podem deixar
transparecer, neste mundo polarizado de narrativas, eternos vitimismos e guerra
dos sexos, algo de misoginia ou chauvinismo, mas trata-se, de fato e
tão-somente de jogo político, luta pelo poder e cálculo por todos os lados.
Favorito
Desde a redemocratização e as eleições de 1985 - a primeira após 1964 -
vencida pelo favorito Coutinho Jorge, apenas em 1992, com Hélio Gueiros, e em
2004, na primeira vitória de Duciomar Costa, nunca antes na história de uma
eleição em Belém, nos últimos 60 anos, um candidato chega tão favorito como
Igor Normando.
Disparada
Igor Normando partiu, em 15 de março, quando foi lançado pré-candidato, de
menos de 5% das intenções de votos para mais de 17% apenas dois meses depois,
em maio, quando se apostava que ele somente atingiria patamar semelhante em
setembro, auge da campanha na TV, rádio e nas ruas.
Popularidade
Ao tempo em que confirmou a alta popularidade do governador, das Usinas da
Paz em Belém, e da capacidade de transferência de votos de Helder, a sua
dianteira minou praticamente de vez a candidatura de Edmilson Rodrigues, reuniu
partidos aliados, e viu nascer quase isoladas as outras candidaturas que,
excetuada a de Éder Mauro - o inimigo da hora, do PL de Bolsonaro e dos
familiares de ambos, possuem reduzidas chances de vitória.
Vale muito
Mais do que nunca, de um lado se tem o leque e a capilaridade da união de forças políticas tradicionais e, do outro, um político e franco atirador como Éder Mauro, com milhares de votos e um temperamento abrasivo que afasta aliados na capital.
Errar pouco
Igor Normando tem como desafio se mostrar preparado e à altura para gerir
Belém antes, durante, e depois da COP 30 e, desde já, errar o mínimo possível
na campanha que se inicia, não escorregando nas cascas de banana que irão
colocar no seu caminho até outubro, em debates, nos eventos públicos na era da
internet, das fake news e do vale tudo das redes sociais.
Arco de Daniel
Na miríade de partidos brasileiros, suas complexidades e contradições, o
Cidadania e o PL de Ananindeua estão com o neossocialista Daniel. Já em Belém,
o PSB tem a vice de Igor e o Cidadania, que forma uma federação com o PSDB,
está com o candidato do MDB, e mais oito partidos.
A guerra pelo PSB
Terminada a guerra nas urnas, tudo que está em jogo a partir de janeiro de
2025 e a conferência com ares de poder representar um "antes e depois"
para a cidade, caso vençam Igor (e Cássio) em Belém, e Daniel em Ananindeua,
reiniciarão com as digitais de sempre, as plantações de notinhas sobre quem vai
dar as cartas no partido fundado por Miguel Arraes, com fulcro nas eleições de
2026.
Nem tudo dá
Ao contrário do que escreveu Pero Vaz de Caminha na carta ao rei de Portugal
após chegar à Bahia, a turma do plantio exacerbado viu mais uma vez que nem
"tudo que se plantando" no Bananão, sempre dá.
Chumbo grosso
De agora em diante, convém esquecer qualquer cortesia, fidalguia, fair play. O “porradal" entre torcidas rivais na convenção do MDB? Esquece. A guerra, ops, a campanha está no início e o couro vai comer. Tirem as crianças da sala, que vem por aí baixaria, jogo sujo e vale (quase) tudo pela vitória em outubro.
*Barrigada: informação errada no jornalismo.
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