“Dona da verdade”
Enquanto a lua de mel entre Fernando Haddad e Arthur Lira ia para o
beleléu, após declaração infeliz do ministro da Fazenda em entrevista ao
neolulista Reinaldo Azevedo, e até o acerto seguinte com o manda chuva do
Centrão, Janja da Silva, a influente 1ª dama do Brasil, tirou o dia ontem para
politizar o apagão da véspera, 15 de agosto.
1ª dama e ministro
Uma nada enigmática postagem na rede “X”, o novo velho Twitter, em que
escreveu sob letras maiúsculas (grito nas redes mundiais) que “A ELETROBRAS FOI
PRIVATIZADA EM 2022”, ganhou o apoio delinquente e precipitado de líderes
petistas, contaminando até o enfraquecido ministro das Minas e Energia,
Alexandre Silveira, capaz de afirmar que a privatização da empresa fez mal ao
Brasil e deixar no ar uma suspeita de sabotagem sem nenhuma evidência a
respeito.
Delinquência e reparação
Fundamentado em que argumentos ele disse isso? Quais os
parâmetros utilizados? O ataque especulativo a uma empresa em que um terço das
ações pertencem à União, e possui acionistas como Caixa Econômica Federal,
Banco do Brasil e Previ, feito pelo ministro de Estado a quem caberia velar
pelo patrimônio público e defendê-lo, não implica em nenhuma medida legal que o
responsabilize pelas consequências de uma fala delinquente? E sobre uma
hipotética sabotagem?
Diagnóstico
Bastaram pouco mais de 24 horas após a declaração
desarrazoada e infeliz, para que o mesmo Silveira afirmasse que a responsabilidade pelo
apagão nacional - o maior desde 2009 -, foi a falha técnica em uma linha de
transmissão da Eletrobras, no Ceará.
Pequena magnitude
Relatório preliminar do Operador Nacional do Sistema (ONS) indica que a
ocorrência de um “erro de programação” impediu o sistema de proteger o restante
do país. O tal do equívoco teria ocasionado outras falhas que ainda devem ser
apuradas. Detalhe: o “erro” foi considerado de pequena magnitude; imagine-se um
de grande…
Janja 2030,34,38
Quem
conhece do riscado e vive entre Brasília, Paraná e São Paulo, afirma que o
proselitismo e demonização da privatização da Eletrobras pela 1ª dama nada mais
é do que a tática que ela utiliza para se colocar, ainda que veladamente, como
herdeira política do marido, sob o manto de uma narrativa em que possui ideias
e luz próprias, além de ser militante histórica do PT.
Janja x Michele
Janja
ambiciona, sobretudo em oposição à preeminência da rival Michele Bolsonaro,
mais popular que ela própria nas redes sociais e pesquisas de opinião,
aspirações presidenciais, garantem as fontes ouvidas com base nos três núcleos
de poder.
Rivais internos
E mais: a 1ª dama se comporta como “sócia” do governo e donatária de espaços, apadrinhados, exercendo uma influência que incomoda e enfrenta a oposição velada ou não de antigos capas pretas do PT, Gleisi Hoffmann incluída. A presidente do partido é natural do Paraná, berço da militante que conquistou o chefão e fez carreira na Itaipu.
Por aqui a rotina se
foi
Passava pouco mais de 8h20 do dia 15 de agosto, data da Adesão do Pará à
Independência do Brasil, quando a energia elétrica se foi enquanto dona Maria
de Lourdes lavava a louça olhando o canal da Doca, João Carlos encostava o táxi no ponto da
cooperativa do shopping próximo e Manoel sorvia o primeiro café do
dia numa tradicional padaria do bairro.
Transtornos e prejuízos
No Pará e seu ensolarado verão amazônico no auge, era dia de feriado para
alguns e, em relação aos que “enforcaram” a segunda, um feriadão em seu final. Mas no encerramento do dolce
far niente pelos quatro cantos do quase continental estado brasileiro,
maior economia e mais populoso da região Norte, a data viraria um caos.
Seis horas de agonia
Caos esse que se estenderia até por volta de pouco depois das 14 horas, após
cerca de seis horas de agonia, com o registros de ocorrências pelos transtornos
e prejuízos causados em todos os cantos.
Gato escaldado erra
Quando luzes acesas e eletrodomésticos se apagaram no início da manhã,
ressabiados pelos transtornos e dezenas de idas e vindas da energia durante
vendaval de 19 de julho e a manhã seguinte, incautos belenenses achavam se
tratar de mais uma falha do sistema local gerido pela Equatorial Energia,
quando, na verdade, era um apagão não em parte ou toda a cidade, mas quase no Brasil inteiro.
Podia ter sido pior
Entre os transtornos e prejuízos de sempre, com
a falta de energia em todos os semáforos da cidade, a imprensa local registrou
um acidente - oxalá sem vítimas -, numa esquina da principal via de acesso à
capital, a avenida Almirante Barroso. Como o apagão foi entre a manhã e o
início da tarde, e ocorrido num feriado, seus efeitos, prejuízos e transtornos
poderiam ter sido ainda piores.