Na alvorada do mandato conquistado nas urnas, cumprindo naquela altura o 35º dia da sua
presidência, em matéria de política externa, para cólera dos seus
detratores, a passagem do furacão argentino Javier Milei por Davos, edição - inverno de
2024, ainda rende frutos.
Agora é a colunista Anne-Sylvaine Chanassy, do vetusto jornal londrino The Financial Times, que reputou como de "encantamento", o sentimento da elite global no encontro anual ocorrido entre os dias 15 e 19 de janeiro, naquela que é considerada a mais alta das cidades dos alpes suíços, localizada a mais de 1500 metros de altitude.
Sim, para tristeza e, em alguns casos, ódio dos seus adversários e inimigos políticos e intelectuais, isso pode significar bilhões de dólares em investimentos no país ao sul do Brasil.
Sim, há moderação e algum comedimento nesses poucos mais de 48 dias de governo completados hoje, relativos às mais polêmicas e, talvez, inexequíveis propostas de campanha do argentino.
O "dado concreto" é que de 10 de dezembro de 2023 pra cá, Milei rosnou seus dentes caninos e expôs as costeletas leoninas freando ou negociando parte das propostas “anarco-liberais”e, dentre as centenas de medidas excepcionais tomadas e/ou em negociações no Parlamento, ele tem sido ouvido, elogiado e até aplaudido pelo mundo econômico, como agora no caso da matéria da jornalista do periódico inglês.
MAGA
Outro dia foi o Trump que surfou na sua onda, publicando nas redes
sociais que Milei é MAGA, e está fazendo a “Argentina grande again”. E bem ao seu estilo, o americano
prometeu "grandes parcerias no futuro"...
Mas nesse particular, a torcida aqui é pela democracia e paz no mundo, logo, por Joe Biden.
Qual escola, Milei?
Eu torço pela Argentina e pelo Milei. E você? Dito e perguntado
isso, queria saber qual o liberalismo dele, Javier?
O Liberalismo Antigo e Moderno
Batendo a cabeça por aqui, me valho do gênio erudito de José Guilherme Merquior em seu "O Liberalismo Antigo e Moderno", escrito primeiramente em inglês, e compartilho consigo um átimo das concepções sobre as escolas citadas por ele - inglesa, francesa e alemã -, as três principais relativas ao pensamento sobre a liberdade, descritas logo no início de mais esta obra-prima do intelectual e diplomata tijucano.
A escola inglesa
Milei sempre encerra suas mensagens exaltando a liberdade, carajo!, e a escola liberal inglesa
também pode ser reconhecida por enaltecer a "teoria da liberdade". Ela tem em
Thomas Hobbes (1588-1679)) e John Locke (1632-1704) os seus luminares. E pressupõe, para o primeiro, "ausência de obstáculos externos".
Hobbes contradita o período humanista no que ele reprova, qual seja "a adoração de valores cívicos". Em seus escritos "no raiar da revolução inglesa", o filósofo e pensador britânico procurou "desesperadamente" dissociar o conceito moderno de liberdade da tradição humanista, oportunidade em que criticara, ainda, revela Merquior, as formulações sobre estado do florentino Nicolau Maquiavel. Em vez de louvar o estado, Hobbes exortou a liberdade individual, civil e não política.
A escola francesa
A teoria da escola francesa sobre liberalismo e liberdade
tem em Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) o seu mais influente formulador. Para
Merquior, no país, sua influência supera a de Charles-Louis de Secondat, mais
conhecido como Montesquieu (1689-1755).
Para o genebrino nascido calvinista, a forma mais elevada de liberdade consiste na "autodeterminação" e a política deve refletir a "autonomia da personalidade". Individualista radical, para Merquior, Rousseau foi o mais importante originador do individualismo em literatura e religião.
A escola alemã
Um diplomata como Roberto Campos (prefaciador da edição
brasileira do livro citado nesta coluna) e José Guilherme Merquior, o humanista e barão Wilhelm
von Humboldt (1767-1835), cujo irmão, o naturalista Alexandre, foi o fundador
da Universidade de Berlim, é autor do livro On
the Limits of State Action, considerada obra seminal do Liberalismo alemão.
Para Humboldt, entre controlar ou limitar a autoridade central do estado, ele não hesitaria em optar pela segunda opção. O livro deixa claro sua preocupação humanista de formação da personalidade e aperfeiçoamento pessoal. "Educar a liberdade, e libertar para educar - esta era a ideia da Bildung, a contribuição goethiana do autor à filosofia moral", escreve Merquior.
Um corolário
Por José Guilherme Merquior (1941-1991)
"A teoria inglesa dizia que a liberdade significava
independência. O conceito francês (de Rousseau) consistia em que liberdade é
autonomia. A escola alemã replicou a isso que a liberdade é realização pessoal.
O ambiente político da teoria francesa residia no princípio democrático; e o da
teoria alemã era o 'Estado orgânico', uma mistura de elementos tradicionais e
modernizados".
A "escola" petista
Os bolsonaristas fazem a festa na esgotosfera com o vídeo (ou áudio)
em que o nacional José Dirceu fala que, após a vitória da candidatura de Lula em 2022, eles
iriam "tomar o poder".
Para esses e outros opositores do regime petista, o projeto segue no passo e compasso do jogo político fisiológico, clientelista e patrimonialista do governo Lula III, e do PT IV e ½.
Mantega não
Seja pela ocupação do STF, Ministério da Justiça, demais tribunais, BNDES, outros ministérios, parlamento e que tais, a tomada de poder vinha mirando até a
última semana a Vale, uma das maiores empresas do Brasil e do mundo.
Pouco se lixando para o impacto que a ingerência totalmente indevida em querer empurrar goela abaixo Guido Mantega, batizado "Pós-Itália" na infame "lista da Odebrecht", causaria nas ações da gigante global, após a forte reação contrária a ida do ex-ministro para o cargo de CEO, e mesmo para o Conselho da mineradora, a imprensa noticiou na última sexta-feira, 26, a desistência do presidente em indicar (impor) o seu velho parceiro.
Mantega ficou de publicar uma carta sobre a sua não ida para a companhia, mas, até o fechamento desta edição, parece que desistira da manifestação.
Ao cabo e ao fim, restou o ressentimento de um lado e o desgaste estéril do outro.
A escola jornalística, um clipping de domingo ou uma “secada valendo” na COP 30 em Belém
Premiado e sempre antenado, o repórter Ronaldo Brasiliense esclarece em sua coluna deste domingo, 28 de janeiro, em O Liberal, nota nada espontânea publicada em site de Brasília sobre o Rio de Janeiro ser o plano b do governo federal para a realização da COP 30, caso Belém não esteja apta a recebê-la:
Potocas e gerúndios
Brasiliense enquadra sem piedade a comunicação da PMB,
classificando como "potoca" e insinuando quase afirmando que a fake news foi plantada pelos sequazes do
chefe psolista e sua troika. Tôma-te!
O jornalista lembra aos “plantadores” de plantão que, se Belém consegue receber mais de um milhão de turistas no Círio, resta claro que irá estar apta a ser sede da conferência mundial sobre o clima da ONU.
Nativo de Virgem ou um horóscopo de final de semana
"Quando há alegria, até as coisas complicadas se tornam simples, ou pelo menos são tão divertidas que nem parece que sejam difíceis. Agora, quando não há alegria na respiração, até as coisas banais se complicam." (Quiroga - O Estado de S. Paulo)
Alegria rima com saúde, paz, amor, harmonia; fazer aquilo em que se acredita e se ama. Excelente domingo!