O 43º presidente dos EUA, George W. Bush, um republicano "raiz", classificou a sua primeira presidência (2001-2004) como sendo a do "presidente da guerra".
Bush "filho" assim a definira por ter sido durante aquele mandato que a nação mais rica e poderosa do mundo sofrera em seu território um ataque ainda pior e mais devastador no moral americano do que o que resultara na entrada do país da II Guerra Mundial, o de Pearl Harbor, na costa do Oceano Pacífico, em 1941.
Após o "September Eleven", o filho de George H. W. Bush - o "41", como ele se referia ao pai -, chamou de "Eixo do Mal" as nações que apoiavam terroristas como aqueles pertencentes à Al Qaeda, grupo responsável pelo ataque às "Torres Gêmeas", ou eram regimes ditatoriais, de matriz teocentrista ou comunista.
Diretamente, o "43", como o pai se referia ao filho, falava de Irã, Iraque e Coreia do Norte.
A afirmação ocorreu durante o tradicional discurso anual do "Estado da União", em 2002, oportunidade em que os presidentes norte-americanos usam a tribuna do Capitólio, o parlamento do país, para se dirigir aos seus membros, com repercussão em toda a nação.
Indiretamente, a mensagem continha ainda um recado subliminar aos líderes de Rússia e China, citados anteriormente por ele como competidores enquanto ainda era pré-candidato à Casa Branca.
O que vem se confirmando desde que fora conflagrada as ambições imperiais de Vladimir Putin, com a anexação da Criméia em 2014, e, sobretudo, após a invasão da Ucrânia pelo país oito anos depois, em 2022, bem como a ambição chinesa e de seu atual líder, Xi Jinping.
Belém, Ananindeua e Marituba (2021-2024)
Quase vinte anos após a citação sobre os países párias internacionais, eis que a maioria dos eleitores que vivem na capital e nos dois municípios limítrofes situados na Região Metropolitana de Belém (RMB), escolheu três alcaides pra lá de controversos em geral, sendo dois, o de Belém e a de Marituba, retumbantes desastres administrativos.
"Nunca antes na história desse estado", desde a emancipação de Marituba, aquela cidade, Belém e Ananindeua tiveram tamanha má sorte semelhante simultaneamente, o que valeu o trocadilho que dá nome a esta coluna dominical.
De Edmilson Rodrigues, talvez os mais incompetente dos três, e decerto o que detêm os piores índices de popularidade e a menor aprovação, bem como seu caótico (des) governo, não se pode dizer jamais que não se esperasse pelo caos.
Basta que se lembre a situação fiscal da capital desde a "recessão Dilma Rousseff", o encolhimento do PIB e dos repasses constitucionais e a sua eleição em 2020 amplamente beneficiada pelo instituto Ipec, sucedâneo do Ibope, o mesmo que lhe favorecera vinte anos antes, em 2000, bem como suas promessas de campanha que ficaram pelo caminho.
Dito isso, convém registrar as consequências (ou sequelas) de um fato ainda pouco esclarecido, que foi a sua grave contaminação pela Covid-19, em 2021, responsável, dizem, por lhe afastar da administração da cidade e entregá-la a uma ensandecida troika desde então.
O trio seria composto por uma irmã deslumbrada e autoritária e dois irmãos sectários e de perfis tão autocráticos quanto, Luiz e Aldenor Araújo Jr., este último um dos dezoito presos no Pará na Operação Galiléia, da Polícia Federal, acusado de fazer parte de uma organização criminosa responsável por fraudar licitações na Companhia das Docas do Pará (CDP).
O ambicioso Daniel
De carreira tão fulgurante quanto controvertida em razão das acusações que pesam contra si relativas a um possível enriquecimento vertiginoso e a exibição de sinais exteriores de riqueza, como a compra de avião a jato e outras aeronaves, o prefeito de Ananindeua requer uma atenção especial.
Em 2012, Daniel Santos possuía como patrimônio declarado uma pickup Toyota Hilux velha. Onze anos depois, em Ananindeua, diz-se que ele está disposto a "gastar o que for; 100 milhões que seja", para se reeleger no próximo ano.
Certamente o Dr. Daniel é o mais bem avaliado dos três, mas, quando o assunto é uma colaboração ou protagonismo seu em políticas públicas nas áreas de saneamento básico, infraestrutura e saúde pública que visem integrar as três cidades e a apresentação de soluções holísticas boas para capital e Ananindeua, seu ativismo é tão estéril como procurar algo que se salve na gestão do alcaide psolista da capital.
Fundado receio de grave lesão ao erário
Como se não bastasse a população local sofrer pelos mesmos problemas de sempre, eis que os moradores de Marituba resolveram colocar na prefeitura municipal uma jovem que tem ocupado as manchetes nesses quase três anos de mandato com uma pandemia no meio, por gestos circenses, falta de modos e compostura, crise conjugal que paralisou sua gestão e uma bajulação explícita ao governador do estado, de quem se disse serva.
Contrariada, Patrícia Mendes quando eleita, e Alencar após o desenlace matrimonial, já invadiu uma rádio após ser criticada, teve vazado vídeo pra lá de animado se dizendo a "escolhida do governador" para sucedê-lo, entre outras posturas nada edificantes para a neófita eleita com a promessa de sanear a prefeitura.
Cumpre lembrar que Patrícia então Mendes foi aquela prefeita que, após ser empossada na Câmara de Vereadores local, adentrou a sede da prefeitura arrombando a porta de trás.
O gesto interpretado entre o factoide e o comportamento tresloucado se deu, disse ela à época, para marcar posição e não repetir os ex-prefeitos que a antecederam, acusados de diversos mal feitos.
Sobre seu perfil administrativo, a "prefeita da balada", de maneira não muito diferente dos seus antecessores, teve expedidas medidas cautelares contra a sua gestão pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-PA) .
A justificativa do conselheiro que as expediu, José Carlos Araújo, foi ter considerado haver "fundado receio de grave lesão ao erário ou risco de ineficácia de suas decisões de mérito".
Com efeito, quem trafega pelos limites que separam Belém de Ananindeua e, deste município até Marituba, tem infinitos motivos para descrer em ações conjuntas ou na celebração de parcerias em benefício das populações residentes nas três cidades.
Para os que professam a fé cristã, há a esperança de orar por algum milagre diante do Menino Jesus que foi erguido no início do século pelo prefeito da época, Antônio Armando.
À massa restante, ignara ou não, que crê, é agnóstica ou ateia e, além de trafegar pela rodovia que liga as três cidades, vive em Marituba ou Ananindeua, resta torcer para que o tempo passe, a COP 30 ocorra, os ônibus do BRT se integrem e a obra financiada pela agência de fomento japonesa (Jica) com contrapartida estadual, finalmente acabe.
Aos céticos em geral, cabe observar como serão as performances desse verdadeiro trio parada dura nas eleições de 2024.
Até lá, como diria o Galvão, haja (paciência) e coração.