O incêndio no União Brasil e a antevéspera do 15 de março

13/03/2024 12:53
O incêndio no União Brasil e a antevéspera do 15 de março

Para quem nasceu dos anos 1970 para trás e muita gente jovem, a figura do grande repórter esportivo, jornalista e apresentador Fausto Silva tornou-se uma constante aos domingos, na Rede Globo, no seu “Domingão”, de 1989 até um dia desses.

Ocorre que, “quem é da época”, convive com a presença do talentoso e divertido Faustão desde quando ele invadiu as casas das famílias brasileiras antes disso, naqueles mesmos 1980, mas aos sábados, na Band, apresentando o caótico “Perdidos na Noite", um mix de programa de auditório e show de humor (e alguns horrores), que também poderia ser classificado hoje em dia como stand up comedy. A galera se amarrava. Amava. E ria muito.

Alguns dos sinais de que “o tempo passou pra você”, que um virou coroa, um tiozão, é quando se pega dizendo algo tipo: “sou do tempo em que…”

E quem curte o genial Faustão sabe que a música, trilha, vinheta, dos seus programas, tinha esse trecho em que dizia que era “do tempo em que”… e aí vinha um monte de memes e outras imagens surreais de tão engraçadas e que nos faziam rir muito da desgraça alheia.

No momento em que o consagrado artista passa por sérios problemas de saúde, seu bom humor e sarcasmo vieram imediatamente à lembrança em razão de uma notícia também “surreal” na seara política: um incêndio na casa de veraneio de um presidente de partido, que teria tido motivações políticas por trás.

Criminoso

Num caso desses, a notícia de que não houve vítimas é a melhor sempre. Passado o susto, o problema é quando se começa a especular que pode ter sido criminoso.

Do tempo

Este jornalista é do tempo em que “apagar incêndios” em partidos políticos, era tentar fazer conviverem e se respeitarem correntes divergentes ou, no melhor cenário, acontecerem convergências entre os grupos.

Como na época do baiano ACM e do pernambucano Marco Maciel, que passaram por UDN, Arena, PDS e PFL, todos que se sucederam ou debandaram um após o outro e estão no DNA do atual União Brasil (UB).

Dado concreto

E por falar em bordões, jargões e alguns leões, “Brasília acordou” na terça-feira, 12, com a notícia deste incêndio não só na casa de veraneio de Antônio Rueda, presidente eleito do UB, mas também da sua irmã, Emília, que seria tesoureira da agremiação, ambas localizadas numa praia do município de Ipojuca, no litoral pernambucano.

E pior: o mandante pode ser Luciano Bivar, quase ex-presidente de um partido importante como o UB e deputado federal. Partido este precedido por outro, o PSL, do qual era o presidente quando foi eleita a maior bancada de deputados federais em 2018 e o presidente da República, Jair Bolsonaro. 

A razão que teria tornado Bivar suspeito do crime, seria a troca nada amistosa de comando no UB, na semana que antecedeu o sinistro, e lhe impede de permanecer na presidência.

Bivar e o incêndio

Antônio Rueda mantém uma briga pública com Bivar, ainda presidente, apesar da eleição do ex-aliado. Nem Rueda ou tampouco seus aliados descartam que o rival possa estar por trás do incidente.

Negativa

Claro e evidente que o polêmico Bivar, deputado, ex-candidato a presidente, eterno cartola do Sport Recife, negou a autoria e sustentou a possibilidade de golpe no seguro.

Investigadores

O que ele não pode negar são as fontes da imprensa sobre a suspeita do incêndio ter sido criminoso: os investigadores da Polícia Civil pernambucana.

Denúncia

Outro desafeto de Bivar, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou que o UB iria fazer uma denúncia ao TSE contra ele.

Cassação, reunião e expulsão 

Caiado também afirmou que o partido irá trabalhar pela cassação do seu mandato de deputado, afirmou que o incêndio foi um crime político e um atentado contra o União Brasil. Seus dirigentes têm reunião marcada nesta quarta-feira, 13, para tratar da expulsão de Bivar do partido.

15 de Março

Quinze de março é uma data duplamente inesquecível para o senador Jader Barbalho. Em 1983, aos 38 anos, ele foi empossado governador do Pará, a realização de um sonho do chefe político da família, seu pai, Laércio Barbalho. Novamente na data, oito anos depois, aos 46, ele tomou posse pela segunda vez como governador do seu estado natal.

Trinta e três

O governador Helder Barbalho afirmou semana passada, que na sexta-feira, 15 de março, trinta e três anos após aquele de 1991, iria anunciar o candidato do MDB à prefeitura de Belém nas eleições de 2024.

Não Notícia e apostas

Para além de não mais que uma - o próprio Helder - outras, no máximo, seis, sete pessoas, podem afirmar qual será a decisão do governador, ainda que tudo leve a crer que o escolhido será o secretário Igor Normando. Até sexta ninguém sabe nada. Só aposta, torce, seca, conspira, palpita, chuta, especula, delira. Ou mente.

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