Esta é uma história de poder e corrupção que envolve uma
empresa pra lá de polêmica, crimes e criminosos alvos de operação contra
desvios de cerca de 1,7 bilhão de reais.
Pior: os recursos públicos desviados têm origem na saúde, saneamento básico e limpeza urbana. Mais cruel: todas áreas consideradas “essenciais”.
Um dos assuntos da semana, nacionalmente falando, teve início na alvorada da terça-feira, 30 de abril, quando policiais federais bateram (e arrombaram) a porta do apartamento onde moraria Carlos Nascimento.
Empresário paraense com passagens pela presidência da Eletronorte e do Norte Energia, consórcio vencedor do leilão bilionário responsável pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, parece que a casa caiu para ele.
Parece, pois, quando o caso chegar nos tribunais superiores de Brasília, tudo pode mudar…
Acompanhados de servidores da Receita Federal e da Controladoria Geral da União (CGU), os federais “visitaram” acusados em Belém, no interior paraense e em Barueri, São Paulo.
Nascimento foi um dos 49 alvos da operação “Plenitude”, desbaratada pela Polícia Federal (PF) após mandado judicial determinando busca e apreensão nas dezenas de endereços dos acusados por crimes de corrupção na administração pública e lavagem de dinheiro movimentado ilegalmente.
Enredo e dispositivos penais conhecidos
Como outras empresas pegas em delinquências naquilo que
deveria ser prestação de serviços ao poder público, entre os delitos
investigados também constam irregularidades em licitações, fraudes no sistema
financeiro nacional, operações de lavagem de dinheiro através de empresas de
fachada, contas em paraísos fiscais e repasses indevidos para prefeituras
paraenses.
Para a PF, os desvios bilionários expõem o tamanho do comprometimento dos envolvidos em corrupção na área pública regional e o impacto direto da roubalheira na qualidade dos serviços de saúde, saneamento e limpeza pública em todos os municípios para onde os recursos deveriam ser destinados.
Mais pobre e mais prejudicado
A crueldade se confirma pela evidência de que os maiores
prejudicados e atingidos pelos desvios são as populações que mais
precisam.
Testa de ferro ou sócio
Até o momento não ficou claro se Carlos Nascimento é somente
alto executivo da Terraplena Ltda., ou sócio da empresa ainda mais polêmica que
o endereço do acusado, um dos prédios com frente privilegiada para a degradada
e mal utilizada orla da capital.
“O que será que será?”
O “dado concreto” - olha ele aí de novo, gente! -, é que em
Belém só se fala disso desde então, e daquele que seria o dono da Terraplena ou
seu principal acionista, tido e havido como um dos homens mais ricos da cidade
e que leva uma vida de nababo pelo menos há três décadas, tempo em que a dita
cuja, a empresa de faturamento bilionário "faz chover" recursos
públicos em sua horta.
Isso mesmo, como naquele clássico do cancioneiro brazuca de Chico Buarque e Milton Nascimento, "O que será…", a Operação "Plenitude" é o assunto (escândalo) do momento e é sobre ele "que andam suspirando pelas alcovas; (...) Que anda nas cabeças, anda nas bocas".
E mais: "que estão falando alto pelos botecos; que gritam nos mercados que com certeza; está na natureza, será que será e que parece não ter conserto. E pior: "nem nunca terá".
Sócio nada oculto
Bernardino Costa Rezende, o “Berna”, é o homem que
estaria por trás da Terraplena Ltda. O mandachuva. O "papa
contratos". O ilimitado no sentido do pecado da gula pelo faturamento nas
tetas dos governos de todos os matizes.
"Berna" seria o capo a quem o periódico O Liberal se referia em sua principal coluna, o R70, fazendo um breve histórico de como a Terraplena Ltda. se tornou a gigante que ganha todas ou quase, desde a gestão do irmão dele como prefeito de Belém (1990-1992), nos dias seguintes à operação.
Augusto Rezende era carinhosamente chamado de Picolé pelos amigos que o conheciam desde a época de vacas nem tão gordas…
Ele saiu, entrou o ex-governador Hélio Gueiros, o "Papudinho", e a Terraplena continuou. Veio a "zebra" de 1996, o PT, e ela seguiu "impávida que nem Muhammad Ali".
Passou pelo período Duciomar Costa e "BA Ambiental" quase incólume, tanto quanto na gestão de Zenaldo Coutinho, antes de cair nos braços e no colo do Psol, que nada mais é do que o velho e mesmo PT de guerra e traquinagens para o que der e vier…
Enquanto isso, Belém jaz fétida e abandonada no caos e na imundice dos lixos espalhados pelos quatro cantos da cidade, com destaque para as áreas mais desassistidas e periféricas da decadente e antiga "Metrópole da Amazônia".
Ubíqua e bilionária
E lá se vão mais de três décadas, trinta e poucos anos de
polêmicas licitatórias, contratos judicializados e/ou emergenciais,
inexigibilidades e mais inexigibilidades, aditivos até "o limite da
irresponsabilidade" e uma pandemia no meio do caminho de delinquências e
bilhões.
Plenitude nacional
Como se viu com a operação da PF autorizada pela justiça, a
Terraplena Ltda. ampliou seus tentáculos e modus operandi Brasil afora,
passando a integrar o rol das empresas metidas até a medula em escândalos na
casa dos doze dígitos e "esquemas federais" desbaratados sob os
flashes das câmeras fotográficas e de TV.
Este é o Brasil de sempre: de um lado, as festas nababescas, destinos exclusivos, vinhos e champanhes mais caros e ostentação despudorada divulgada nas páginas do colunismo social.
Do outro, como na música do Chico e do Milton, "no plano dos bandidos, dos desvalidos, o que não tem decência nem nunca terá; o que não tem censura nem nunca terá; que todos os avisos não vão evitar; porque todos os risos vão desafiar".
Só nos resta torcer para que "o Padre Eterno que nunca foi lá; olhando aquele inferno vá abençoar; o que não tem governo, nem nunca terá; o que não tem vergonha nem nunca terá; o que não tem juízo."
O 1º de maio e a decadência de Lula
Um dia após a "Plenitude", o Brasil assistiu mais
um capítulo da decadência de Lula e como ele escarnece da justiça, seja
criminal, civil ou, como no caso, a eleitoral.
Num showmício nada disfarçado de "evento cultural" bancado com recursos da Lei Rouanet, patrocínio da Petrossauro e esvaziado como poucas vezes se viu, mais parecendo um evento do PCO, CUT ou do Psol paraense, o PT chafurdou novamente.
Lula, também de novo usando a máquina pública e abusando do poder para interesses político partidários, cometeu claro crime eleitoral diante do minguado público, quando, na condição de presidente da República, pediu votos para Guilherme Boulos (Psol) em sua campanha à prefeitura de São Paulo.
Foram mais de 3 milhões de reais num evento que reuniu, segundo os Bombeiros e a PM, pouco mais de mil e seiscentas pessoas para ouvir os presentes no palco demonizarem a privatização da Sabesp, dizerem que o impeachment de Dilma Rousseff foi golpe, o governo Bolsonaro e o capitalismo (que bancou a farra e o crime eleitoral) são fascistas.
Triste fim de Luiz Inácio Prosélito da Silva.
A tragédia gaúcha
Ato contínuo, após o vexame, o crime eleitoral apagado das
suas redes sociais e o fiasco do velho pelego, Lula se picou para o Rio Grande
do Sul com vistas a fazer fotos e "se solidarizar com o povo gaúcho".
Com efeito, o que seu governo e o estadual fizeram preventivamente para mitigar os danos da catástrofe?
Qual a marca desse governo velho, com não mais que três ou quatro ministros que entregam algo de positivo para a população?
A marca do atraso de um partido sectário, um presidente rancoroso, ultrapassado e uma 1ª dama deslumbrada e dedicada no final de semana a ser cicerone da Madonna, contratada para o aniversário de um banco bilionário.
Como diria o Macaco Simão, o Brasil é o país da piada pronta.