A coluna de opinião do jornal Estadão, assinada pelo doutor em ciência política Oscar Medeiros Filho, expôs a situação da Amazônia como destaque em 2025, e que isso exigirá mais soberania do Estado.
Segundo Oscar Medeiros Filho, a projeção da Amazônia em 2025, com a COP 30 a ser realizada em Belém, terá significado especial pelo que a região representa para a temática, seja como depósito natural de carbono fixado em sua biomassa, seja como regulador climático por meio de sua evapotranspiração.
Para o professor, o Brasil ocupa lugar central no debate sobre mudanças climática por ser, além de outros fatores, potência em duas áreas diretamente ligadas à temática: a energética e a alimentar. Trata-se, portanto, de um debate estratégico e de interesse nacional.
Em relação aos temas a serem discutidos ao longo deste ano, para além das necessárias ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, um outro, de natureza geopolítica, deve fazer parte das discussões: a gestão soberana de territórios vulneráveis.
É preciso considerar, de acordo com o professor, que, diferentemente de outros espaços geográficos fundamentais para o clima, como os oceanos e a Antártida, a Amazônia é um território sob jurisdição soberana. Nesse sentido, discursos sobre a relativização de soberania mostram-se contraproducentes na medida em que aguçam posturas defensivas - como a busca do desenvolvimento a qualquer custo - e geram desconfiança em relação a ajudas internacionais (mesmo aquelas genuínas), tornando o ambiente mais conflitivo.
Além disso, na prática, a governança global não dispõe de instrumentos efetivos para a gestão de territórios vulneráveis.
Em suma, por mais que os desafios das mudanças climáticas sejam de ordem transnacional, suas soluções passam necessariamente pela reafirmação da autoridade dos Estados nacionais, afinal os acordos internacionais sobre o clima são implementados pelos Estados que, para tanto, precisam ser fortes o suficiente para implementá-los. Trata-se de encontrar soluções que combinem legitimidade e soluções sustentáveis, associando interesses nacionais e ações efetivas de enfrentamento das emergências climáticas. Nesse sentido, a questão não demanda "menos soberania", mas, pelo contrário, "mais soberania".
Em contrapartida, os países da região precisam fazer o dever de casa. E, nesse esforço, não podem dispensar a ajuda internacional.
O que o mundo precisa para ajudar a resolver os problemas da Amazônia, diz Oscar, não é questionar a capacidade soberana de seus países, já combalida pelas ameaças transfronteiriças presentes naquela região e que têm gerado uma nefasta conexão entre crime e degradação ambiental, alimentando um círculo vicioso em que a miséria, a devastação e a violência se reforçam mutuamente, como já alertado pelo Estadão.
O grande desafio estratégico do Brasil, para o doutor em Ciências Políticas, será o de comunicar, ao mesmo tempo, sua responsabilidade ambiental e a defesa
"inegociável" de sua soberania. É preciso comunicar ao mundo, de forma coerente, o tamanho do desafio e o quanto os países da região têm se esforçado para a proteção e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Créditos da imagem: Agência Gov.
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