Israel contra-ataca

13/10/2023 13:38
Israel contra-ataca

“Se os palestinos baixarem as armas, haverá paz. Se os israelenses baixarem as armas, não haverá mais Israel”.

(Golda Meir 1898-1978)


Ao comparecer no Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos, em 08 de dezembro de 1941, para que fosse aprovada a declaração de guerra pela Casa ao Japão, após o país atacar um dia antes a base naval de Pearl Harbor, no Oceano Pacífico, o grande presidente Franklin Delano Roosevelt, fez um discurso no qual, já em seu primeiro parágrafo, deixou claro como classificava a agressão:  

“Ontem, 07 de Dezembro de 1941, uma data que viverá na infâmia, os Estados Unidos da América foram súbita e deliberadamente atacados pelas forças navais e aéreas do Império do Japão”.

Sábado, 07 de outubro de 2023, cerca de oitenta e dois anos depois da agressão japonesa que lhe custaria mais adiante a “rendição incondicional”, o Estado de Israel teve a sua data que também “viverá na infâmia”.

O país sofreu a mais covarde e brutal ofensiva terrorista do Hamas, que controla o lado palestino na região da Faixa de Gaza desde 2007. O grupo é financiado por inimigos de Israel como o Irã e usuário de métodos terroristas tais quais seus congêneres mais bestializados e bárbaros.

A falha gravíssima dos serviços de inteligência de Israel custou a perda mais de 1,5 mil vidas civis e inocentes, além da destruição, humilhação e barbárie. Ato contínuo, as democracias ocidentais se associaram a essa tragédia do povo judeu em seu solo pátrio.

Declaração conjunta

Líderes dos EUA, França, Reino Unido, Alemanha e Itália emitiram uma declaração conjunta dois dias após o atentado, 09 de outubro, na qual expressaram um “apoio firme e unido” ao País agredido. O texto deixou claro que os países estariam “juntos como aliados e amigos comuns de Israel”. 

Foram signatários do documento os presidentes Joe Biden e Emmanuel Macron; o premier britânico Rishi Sunak, o chanceler alemão Olaf Scholz e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

Para surpresa de ninguém, o Brasil emitiu uma nota ambígua por não citar o Hamas nominalmente. A repercussão negativa fez o governo Lula, do atual presidente do Conselho de Segurança da ONU, solicitar aos países que compõem a instância  a aprovação de um cessar fogo, o que, neste momento, só interessa ao grupo terrorista. 

Afinal, enquanto o exército de Israel orienta a população palestina civil para deixar Gaza, os radicais do Hamas se escondem fugindo por túneis ou para o Líbano, e se preparam para utilizá-la como escudo humano. 

Guerra total

Com o conflito em curso na Ucrânia caminhando para completar dois anos em fevereiro, estopim de uma crise sem precedente recente nas relações da Rússia com o Ocidente, a rede de apoios dos radicais usados como bestas feras úteis e regimes párias (Irã), autocratas (Putin) ou ditatoriais (China) somente esgarçando a corda, as tensões mundiais permanecem em escalada de elevação. 

Não cabe aqui recordar, opinar ou justificar conflitos anteriores entre Israel e vizinhos árabes, muçulmanos, persas, sírios, palestinos ou qualquer outro ato antissemita e antissionista. 

Convém, sim, registrar todo apoio e solidariedade ao país agredido, uma democracia plena e pulsante, solo de um povo quase extinto pelo holocausto e cuja absoluta maioria valoriza a vida, as liberdades, a tolerância religiosa; fomenta o desenvolvimento econômico e social, investe bilhões de dólares em saúde pública, educação e ciência e tecnologia.

Cumpre, finalmente, torcer pelo fim rápido e irrefutável de qualquer terrorista do Hamas, criticar a pusilanimidade de governos que o apoiam e, sobretudo, lamentar a maneira ignominiosa como parte do PT e da presidência da República tratam a questão.

Tão ignominioso quanto o comportamento obscurantista, tergiversador, cínico e sem empatia (para não dizer antissemita) de setores governistas, tem sido a postura dos jornalistas identificados com a esquerda no poder, ao ponto de poderem ser classificados como o avestruz que, além de enterrar a cabeça, comeu abiu. 

Há ainda os mais desclassificados, os quais, emulando Dilma Rousseff e sua sugestão de dialogar com os medievais extintos do então “Estado Islâmico”, falam em “carência de contrapontos”.  

Tanto quanto que esses grupos de terroristas, fanáticos, assassinos, estupradores, genocidas, pedófilos, covardes e criminosos desejam extinguir do mapa Israel e seu povo, eles estão convictos a partir de uma agressividade medieval, em também subjugar ocidentais escravizando-os e impondo-lhes uma nação islâmica fundamentada no teocentrismo, e de acordo com a interpretação deles do Corão, do Islã e da vida. 

Quem crê na democracia representativa, nos valores da preservação da vida humana e da ciência; quem professa crença nas liberdades e no estado de direito, chancela o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, jamais poderia deixar de se unir à luta do povo de Israel nessa cruzada contra o terror mais bárbaro. 

Roosevelt e Aranha

Voltando ao pronunciamento de FDR após o ataque a Pearl Harbor, o estadista e “grande senhor do mundo livre” também dissera que: 

“(...) A nossa nação recordará sempre o caráter do ataque perpetrado contra nós. Não importa quanto tempo demoraremos a superar esta invasão premeditada, porque o povo americano no seu justo direito lutará até à vitória absoluta". 

Ele acrescentou: “(...) Com confiança nas nossas forças armadas, com a grande determinação do nosso povo, iremos alcançar o inevitável triunfo – assim Deus nos ajude”. 

A confiança de hoje é depositada no exército de Israel. A grande determinação do povo de Abraão “no seu justo direito”, lutará até à "vitória absoluta". Que assim Deus os ajude, amém. 

A grandeza de Franklin Roosevelt, que após dar o apoio fundamental para a vitória dos "Aliados" contra Hitler e o império japonês e deixar como um dos legados das suas quatro presidências a chancela para a criação do Estado de Israel, encontra paralelo em um brasileiro, Oswaldo Aranha, a quem ele nutria profundo respeito e fora fundamental para a aprovação da Resolução número 181 da ONU, que criou o país.

Presidente da sessão de 29 de novembro de 1947, o gaúcho de Alegrete, terra também do poeta Mário Quintana, realizou um duro trabalho de convencimento entre os países-membros, considerado decisivo para a aprovação do Estado de Israel. 

Chefe de delegação brasileira, o estadista liderou a formação dos trinta e três votos “sim”, contra treze “não” e dez abstenções. 

O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer o Estado de Israel, em 1949, tão logo o país tornara-se membro da ONU. Em 1952, a nação brasileira inaugurou uma representação diplomática em Tel Aviv. 

Enquanto o Hamas existir, bem como após a sua necessária extinção, que não saia da nossa memória mais essa data “que viverá na infâmia”. 

Também não convém esquecer que o grupo terrorista parabenizou o partido e o candidato eleito, em 2022, para presidir o Brasil. 

Talvez isso explique um pouco do alto comprometimento por parte da maioria absoluta dos seus integrantes, mandatários políticos e filiados que relativizam e equivalem os infames atos de agressores àqueles que estão sendo perpetrados pelos agredidos.



Mais matérias Colunas