A arte produzida a partir de fotos do mosaico que ilustra esta coluna fala de pobreza,
desemprego, abandono, deteriorização do patrimônio histórico da União e
devastação do meio ambiente; possui ainda imagens de municípios com alguns dos
piores IDHs do Brasil.
Pergunta-se:
O que faz o Basa para ajudar a reverter isso? Se algo realiza, a ação está
quantos anos luz atrás do razoável? Quais as justificativas?
Raio-X
Ao longo da
sua história, o comando da instituição de crédito, embora atrelado ao
Ministério da Fazenda, desde sempre foi alvo de disputas políticas entre os
caciques da região.
Guerras silenciosas (fatos consumados)
As disputas (ou
guerras) pelo seu comando, controle e ocupação de postos estratégicos nas
diretorias definem a destinação de recursos. É o jogo jogado, como diria Elio
Gaspari.
Banco político
Feito isso, o
Basa, como a maioria dos bancos públicos brasileiros, vira um banco político.
Como tal, atende a interesses paroquiais dos donos do poder em Brasília e na
Amazônia.
Faz me rir
Somente
incautos, desavisados (ou cínicos que fingem) acreditam que a burocracia à
frente das chefias e, sobretudo, o comando da vez, defendem, na maioria das
vezes, o melhor para o empresariado local, os mais pobres e o desenvolvimento
sustentável e estratégico, de fato, da Amazônia.
“O petróleo é nosso"
Tipo a turma
que ainda acredita no engodo do petróleo ser nosso enquanto os inquilinos do
poder devastam a Petrossauro de tristes e bilionários escândalos históricos e
recentes.
Fantasmas eternos
Que o digam os ex-presidentes Shigeaki Ueki, Joel Rennó e José Sérgio Gabrielli
entre outros menos votados. Né, Zé Dirceu?
PIB e irrelevância
Do contrário,
então procure saber mais sobre a participação do banco em números na atividade
econômica local nesses últimos 57 anos, sobretudo a decadência e partir da
década de 1990, e comprove sua triste e lamentável irrelevância.
Haja mudança
Em 2002, com o
objetivo de reforçar seu “importante papel para o crescimento econômico da
região baseado na sustentabilidade”, o Basa deixou de usar a antiga sigla, passando a ostentar o nome
de “Banco da Amazônia”.
Vai e vem
Dezessete
anos depois, em 2019, sob a justificativa da sigla de antanho, BASA, possuir um “valor afetivo junto aos
parceiros e clientes” da instituição, voltaram a utilizá-la.
Moral de história
Nesse quase meio século de idas e vindas em sua nomenclatura, a atuação
da instituição em favor dos atores sobre os quais nos referimos no texto
anterior, bem como neste, pontificam entre o praticamente nada, o desperdício e
a má aplicação de recursos públicos.
Regras do jogo
Como se sabe desde 1500, no Brasil as regras do jogo mudam em pequena e
larga escala. E o que muda, infelizmente em sua triste maioria, é para pior. E
isso é o que tem sucedido no “Banco da Amazônia”.
Apoio pífio
Uma vez considerados indicadores e o crescimento da atividade econômica,
desde quando o banco virara Basa, no governo Castello Branco (1966), houve
momentos de grande incentivo.
Banco comum
Ocorre que, na maioria do tempo, o banco mais parece uma casa comercial
privada do que um banco de desenvolvimento regional e estratégico.
Sudam e Finam
Quando a instituição era o agente financeiro do Finam (1974-),
financiamento em excelentes condições aprovado pela Sudam, o banco fomentou o
crescimento da indústria e do agronegócio estaduais. Ponto.
Chance perdida
Quem foi contemplado, infelizmente em sua ampla maioria, não fez jus a
chance. Observados critérios sociológicos associados aos comerciais e
econômicos, de lá pra cá a participação do banco no crescimento e no
desenvolvimento regional tornou-se pífia. Para não dizer ridícula.
Constituição e FNO
Com a promulgação da Constituição em 1988, no ano seguinte, 1989, o banco deu início à operação do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). Cerca de três décadas depois, a euforia inicial deu lugar a um longo inverno com condições nada atraentes aos pequenos e micros, estagnação e depressão.
Pesquisa
Para confirmar a afirmação, basta aferir entre o seu público alvo quais
apoios e sob que condições a instituição tem dado suporte a micros, pequenos e
médios comerciantes, empresários, empreendedores, industriais, profissionais
liberais e a sociedade civil como um todo, holisticamente falando. E que tenham
obtido êxito.
Embuste
O Basa diz que financia "a ampliação, diversificação, implantação,
modernização, reforma e relocalização de empreendimentos de diversas
áreas". Procure saber mais a respeito do seu efeito prático na vida das
empresas e indústrias locais, especialmente aquelas de pequeno porte.
Fofura…
Agora, uma fofura mesmo é ler em seu sítio oficial sobre os
objetivos e desafios da casa bancária. Ali o blá blá blá é caprichado. No
local, pode-se conferir pérolas do tipo: que o banco contribui no processo de
desenvolvimento regional, promove a geração e distribuição de renda…
… Que não acaba mais
O local do crédito "fácil, imediato e barato pra não dizer o contrário" incentiva e apoia o
desenvolvimento e a modernização da indústria e do turismo regionais - olha a
COP 30 aí gente! -, empreendimentos do setor de comércio e prestação de
serviço…
E, last but not least,
“a redução da informalidade na prática de atividades econômicas na Região
Norte”. Um colosso. Só que não…
"Principais desafios" ou bolas da vez
Em tempos de pré-COP 30, outras pérolas são as promessas institucionais
- ou seriam publicitárias?, - que falam em reduzir taxas de desmatamento,
estimular as atividades sustentáveis e apoiar desenvolvimentos verdes.
Encerramento
O Amazônico aceita, encarecidamente,
informações (nomes e currículos) de padrinhos e afilhados, ops, indicados, após
queda de braço pela divisão de espaços entre os donos do poder na Amazônia
(Legal), cujo início se deu neste 2023 e tem previsão de gestão até o final de
2026. E-mails para: contato@oamazonico.com.br
Faro
Aos que especulam sobre nomes e prioridades dos novos
dirigentes, cumpre torcer para que o faro de quem indicou um representante que
seja, que o escolhido faça valer o disposto nos objetivos e desafios
institucionais para os anos vindouros. Que também devem estar previstos em um
"planejamento estratégico".
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.