O Basa e o ocaso (2ª parte)

01/11/2023 07:57
O Basa e o ocaso (2ª parte)

A arte produzida a partir de fotos do mosaico que ilustra esta coluna fala de pobreza, desemprego, abandono, deteriorização do patrimônio histórico da União e devastação do meio ambiente; possui ainda imagens de municípios com alguns dos piores IDHs do Brasil.

Pergunta-se:

O que faz o Basa para ajudar a reverter isso? Se algo realiza, a ação está quantos anos luz atrás do razoável? Quais as justificativas?

Raio-X

Ao longo da sua história, o comando da instituição de crédito, embora atrelado ao Ministério da Fazenda, desde sempre foi alvo de disputas políticas entre os caciques da região.

Guerras silenciosas (fatos consumados)

As disputas (ou guerras) pelo seu comando, controle e ocupação de postos estratégicos nas diretorias definem a destinação de recursos. É o jogo jogado, como diria Elio Gaspari.

Banco político

Feito isso, o Basa, como a maioria dos bancos públicos brasileiros, vira um banco político. Como tal, atende a interesses paroquiais dos donos do poder em Brasília e na Amazônia.

Faz me rir

Somente incautos, desavisados (ou cínicos que fingem) acreditam que a burocracia à frente das chefias e, sobretudo, o comando da vez, defendem, na maioria das vezes, o melhor para o empresariado local, os mais pobres e o desenvolvimento sustentável e estratégico, de fato, da Amazônia.

“O petróleo é nosso"

Tipo a turma que ainda acredita no engodo do petróleo ser nosso enquanto os inquilinos do poder devastam a Petrossauro de tristes e bilionários escândalos históricos e recentes.

Fantasmas eternos

Que o digam os ex-presidentes Shigeaki Ueki, Joel Rennó e José Sérgio Gabrielli entre outros menos votados. Né, Zé Dirceu?

PIB e irrelevância

Do contrário, então procure saber mais sobre a participação do banco em números na atividade econômica local nesses últimos 57 anos, sobretudo a decadência e partir da década de 1990, e comprove sua triste e lamentável irrelevância.

Haja mudança

Em 2002, com o objetivo de reforçar seu “importante papel para o crescimento econômico da região baseado na sustentabilidade”, o Basa deixou de usar a antiga sigla, passando a ostentar o nome de “Banco da Amazônia”.

Vai e vem

Dezessete anos depois, em 2019, sob a justificativa da sigla de antanho, BASA, possuir um “valor afetivo junto aos parceiros e clientes” da instituição, voltaram a utilizá-la.

Moral de história

Nesse quase meio século de idas e vindas em sua nomenclatura, a atuação da instituição em favor dos atores sobre os quais nos referimos no texto anterior, bem como neste, pontificam entre o praticamente nada, o desperdício e a má aplicação de recursos públicos.

Regras do jogo

Como se sabe desde 1500, no Brasil as regras do jogo mudam em pequena e larga escala. E o que muda, infelizmente em sua triste maioria, é para pior. E isso é o que tem sucedido no “Banco da Amazônia”.

Apoio pífio

Uma vez considerados indicadores e o crescimento da atividade econômica, desde quando o banco virara Basa, no governo Castello Branco (1966), houve momentos de grande incentivo.

Banco comum

Ocorre que, na maioria do tempo, o banco mais parece uma casa comercial privada do que um banco de desenvolvimento regional e estratégico.

Sudam e Finam

Quando a instituição era o agente financeiro do Finam (1974-), financiamento em excelentes condições aprovado pela Sudam, o banco fomentou o crescimento da indústria e do agronegócio estaduais. Ponto.

Chance perdida

Quem foi contemplado, infelizmente em sua ampla maioria, não fez jus a chance. Observados critérios sociológicos associados aos comerciais e econômicos, de lá pra cá a participação do banco no crescimento e no desenvolvimento regional tornou-se pífia. Para não dizer ridícula.

Constituição e FNO

Com a promulgação da Constituição em 1988, no ano seguinte, 1989, o banco deu início à operação do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). Cerca de três décadas depois, a euforia inicial deu lugar a um longo inverno com condições nada atraentes aos pequenos e micros, estagnação e depressão.

Pesquisa

Para confirmar a afirmação, basta aferir entre o seu público alvo quais apoios e sob que condições a instituição tem dado suporte a micros, pequenos e médios comerciantes, empresários, empreendedores, industriais, profissionais liberais e a sociedade civil como um todo, holisticamente falando. E que tenham obtido êxito.

Embuste

O Basa diz que financia "a ampliação, diversificação, implantação, modernização, reforma e relocalização de empreendimentos de diversas áreas". Procure saber mais a respeito do seu efeito prático na vida das empresas e indústrias locais, especialmente aquelas de pequeno porte.

Fofura…

Agora, uma fofura mesmo é ler em seu sítio oficial sobre os objetivos e desafios da casa bancária. Ali o blá blá blá é caprichado. No local, pode-se conferir pérolas do tipo: que o banco contribui no processo de desenvolvimento regional, promove a geração e distribuição de renda…

… Que não acaba mais

O local do crédito "fácil, imediato e barato pra não dizer o contrário" incentiva e apoia o desenvolvimento e a modernização da indústria e do turismo regionais - olha a COP 30 aí gente! -, empreendimentos do setor de comércio e prestação de serviço…

 … Só que não

E, last but not least, “a redução da informalidade na prática de atividades econômicas na Região Norte”. Um colosso. Só que não…

"Principais desafios" ou bolas da vez

Em tempos de pré-COP 30, outras pérolas são as promessas institucionais - ou seriam publicitárias?, - que falam em reduzir taxas de desmatamento, estimular as atividades sustentáveis e apoiar desenvolvimentos verdes. 

Encerramento

O Amazônico aceita, encarecidamente, informações (nomes e currículos) de padrinhos e afilhados, ops, indicados, após queda de braço pela divisão de espaços entre os donos do poder na Amazônia (Legal), cujo início se deu neste 2023 e tem previsão de gestão até o final de 2026. E-mails para: contato@oamazonico.com.br

Faro

Aos que especulam sobre nomes e prioridades dos novos dirigentes, cumpre torcer para que o faro de quem indicou um representante que seja, que o escolhido faça valer o disposto nos objetivos e desafios institucionais para os anos vindouros. Que também devem estar previstos em um "planejamento estratégico".

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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