Lamentavelmente, atualmente, interessados em busca de crédito menos
extorsivo para os seus micros ou pequenos negócios que vivem e/ou investem em
território amazônico e, com este fim, batem às portas do Banco da Amazônia, o
Basa, invariavelmente retornam pessimistas, céticos ou contrariados.
Mentira? Então prove o contrário.
Falo dos interessados sem apadrinhamento político, onde pontificam os verdadeiros donatários das facilidades encontradas nas fontes de financiamento e recursos na área pública nas três esferas de poder no Brasil.
Pior é passar a vista lendo sobre história, missão e perfil de instituições de crédito como o Basa, após décadas de atuação e diminuição da sua importância passadas cada uma delas, exceto por lapsos de protagonismo em favor do cidadão amazônico comum, ano após ano desde a sua criação.
País que atravessou mais de meio século com crises econômicas; que passou por quatro planos econômicos e respectivas desvalorizações da moeda até conseguir domar uma hiperinflação devastadora em suas consequências; que teve décadas de estagnação e períodos de recessão, o Brasil “não é para principiantes”, já dizia um informe que circulara outrora.
Com seu histórico e eterno excesso de burocracia, escândalos de corrupção e outros males da nação, o país não ajuda ou induz que se efetive o efeito prático da missão do Basa, um banco sob jurisdição da União Federal, sobretudo a quem mais precisa.
Entra década, sai década e a instituição perde importância e protagonismo na região. Aos paraenses, cuja capital é sede da matriz, sua presença beira a insignificância.
O imponente e, aparentemente, sucateado prédio localizado na área mais nobre da cidade é um símbolo da sua inutilidade socioeconômica local. Um monumento ao desperdício de dinheiro público.
É o “Banco da Amazônia", mas, tamanha a sua insipidez institucional na vida dos belenenses, que também poderia ser sede do Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, BTG Pactual, XP Investimentos ou do Citibank, o Citi, e nada mudaria.
Isso para não falar de outros dois inertes paquidermes quando o assunto é desenvolver a Amazônia e incentivar o comércio, indústria e serviços locais sem falir 95% da carteira de clientes, chamados Banco do Brasil (BB) e BNDES.
Sobre a casa bancária localizada na esquina da avenida Presidente Vargas com a Rua Carlos Gomes, sua importância é tão pouca, que até uma mudança da sede para Manaus, mais um dos sonhos de consumo dos implicantes vizinhos da Amazônia Ocidental, talvez nem fosse sentida.
Se isso acontecesse, a ferida decerto doeria mais pela confirmação da sina que o Pará tem carregado sobre ser a “terra do já teve”. Dito isso, convém registrar breves dados e outras considerações históricas:
Nasce o banco
Em 1942, no governo de Getúlio Vargas, o impiedoso ditador do Estado Novo (1937-1945), foi criado o Banco de Crédito da Borracha.
Como o nome de batismo presume, a instituição nasceu com o objetivo de financiar os seringais da Amazônia e outra finalidade nobre: abastecer os aliados no curso da II Guerra Mundial.
A iniciativa foi fruto da venturosa influência de Oswaldo Aranha sobre seu conterrâneo gaúcho e chefe, e da assinatura dos “Acordos de Washington”, celebrados pelo Brasil um ano antes com o governo de Franklin Delano Roosevelt, presidente dos EUA.
Com a vitória dos países que lutaram contra a tirania de Adolf Hitler, o fascismo de Benito Mussolini e a ambição do imperador japonês, Hirohito, a missão do banco mudou. Isso se deu na alvorada da década dos 1950, por influência do keynesianismo.
Doutrina adotada do “Plano Marshall para baixo”, no período posterior a Conferência de Bretton Woods (1944), quando o pensamento do economista inglês John Maynard Keynes prevaleceu e influenciou as decisões globais, a partir da liderança dos EUA num mundo que se bipolarizaria mais adiante.
A política econômica formulada por Lord Keynes fundamentou e financiou desde a reconstrução da Europa destruída à atuação do “estado provedor”, indutor do desenvolvimento nacional e da atividade econômica em todos os países sob a área de influência dos americanos.
No governo de Eurico Gaspar Dutra, em 1950, sucessor apoiado pelo velho caudilho de São Borja, a casa bancária mudou de nome e finalidade, sendo batizada de “Banco de Crédito da Amazônia”.
Com nova denominação, a instituição dera início a sua nova missão: “fomentar as atividades produtivas da indústria, do comércio e da agricultura da região amazônica”, entre outras finalidades.
Novamente sob a batuta de Vargas, em 1953, fora criada a alma mater do que viria a ser um dia a “Sudam”, batizada primeiro como “Superintendência do Plano de Valorização da Econômica da Amazônia (SPVEA)”. Puro Keynes de novo.
E sobre atuação e legado?