Eleições 2024: A não notícia, o discurso do Biden e os dilemas da Mel

10/03/2024 11:29
Eleições 2024: A não notícia, o discurso do Biden e os dilemas da Mel

Para o grande e distinto público, na quinta-feira, 07 de março, o governador Helder Barbalho deu a pista que faltava sobre quem e quando ele vai anunciar seu apoio como candidato à prefeitura de Belém.

Ao lado do presidente da Alepa, deputado Chicão, ele escreveu em seu instagram que festejava junto ao correligionário a ida do secretário Igor Normando para os quadros do MDB.

Após falar da filiação, o governador citou as usinas da paz, comandadas por Normando até aqui neste seu segundo mandato, e postou a frase final nada enigmática: "conversando sobre o futuro de Belém".

Milharal

Se antes da postagem cujo objeto é a definição de quem é quem nas eleições 2024, o assunto já dominava a rotina das colunas de política, a imprensa eletrônica, as conversas de muitos bares, andava nas esquinas e nas bocas, após a publicação na rede social, a plantação de notícia, fatos e versões só trata disso, praticamente, e de vez.

Até a data da filiação, anunciada para 15 (número do MDB) de março, o disse me disse permanece e os plantonistas das editorias de política continuam atrás das fontes em busca dos últimos sinais emitidos pelo Palácio dos Despachos, na Alepa, governo, aliados, adversários e etc.

Coincidência zero

Dois dias antes do anúncio, foi amplamente divulgada a agenda de Edmilson Rodrigues com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em Brasília, onde foi reafirmado o apoio do partido à sua candidatura à reeleição. O afastamento dos aliados Helder e Edmilson será, pelo menos, até o resultado das urnas em 06 de outubro próximo, data marcada para o primeiro turno de 2024.

Pré-candidatos

O próximo passo, a partir dos sinais emitidos e do 15 de março, será a costura do realinhamento dos interesses dos postulantes à PMB dentro do MDB que serão preteridos pela possível, provável ou iminente oficialização do secretário de Articulação da Cidadania, responsável por gerir a principal vitrine do governo de Helder, como o candidato do governador.

Primo em grau que não impede a hoje hipotética candidatura, o apoio a Igor Normando traz consigo a confiança do principal líder do MDB paraense de que tem chances reais de eleger o prefeito de Belém, algo que seu partido conseguiu apenas uma vez, em 1985, com a eleição de Coutinho Jorge para o Antônio Lemos, cujo apoio do seu pai, então governador Jader Barbalho, foi fundamental.

Claro e evidente que há riscos, como em todas as disputas eleitorais, mas a aposta de Helder deve estar alicerçada em pesquisas quanti e qualitativas confiáveis que atestam a rejeição estratosférica de Edmilson, as chances de uma candidatura bolsonarista prevalecer em segundo turno e uma avenida de centro-direita capaz de chegar no primeiro turno na dianteira ou em segundo lugar após abertas as urnas.

Risco Lula 

As versões vazadas e plantadas que dão conta do risco que Helder corre em contrariar Lula com uma candidatura que não seja a de Edmilson, não correspondem ao maior risco que o governador corre. Longe disso.

Neste Lula III, o governador do Pará se assemelha muito, em seu entrosamento com o presidente, ao que ele, Lula, manteve no seu segundo governo com Eduardo Campos, que exercia seu primeiro mandato como governador de Pernambuco. Naquela altura (2007-2010), o neto de Miguel Arraes formou com o petista uma dobradinha muito boa para Pernambuco.

Risco COP

O risco maior para Helder, entre outros, é ter um adversário como co-anfitrião durante a COP30, ano que vem. Da mesma forma que, por exemplo, acontecer uma derrota em primeiro ou segundo turno do candidato apoiado por si.

Vice

No MDB nacional, não há dúvida de que o paraense está na dianteira, entre favoritos, como a ministra do Planejamento Simone Tebet e o dos Transportes, Renan Filho, numa hipotética indicação para vice-presidente, em 2026, do re-candidato Lula.

Solução

Quem acha que o governador será capaz de comprometer a parceria com Lula em nome de uma candidatura à PMB, definitivamente não conhece Helder ou tampouco Lula.

Ele vai justificar a candidatura de um político do seu partido com a naturalidade que a questão representa, e ocorre desde 1985, em todas as eleições de lá pra cá.

E mais: para além das questões e tradições político-partidárias, Edmilson é um candidato, na melhor das hipóteses, na UTI. Na pior, terminal.

Confirmando o coice após a queda, há o risco iminente do voto casado da centro-direita com a "extrema direita" no segundo turno ser capaz de eleger um bolsonarista ou o que o valha. 

Regressiva

Como se vê, a aparente tensão provocada pelas notícias de Ed com Gleisi em Brasília e o instagram do governador dois dias depois, aconteceu em período de pré-campanha eleitoral.

Até sexta-feira, 15 de março, as próximas datas eleitorais, convenções partidárias e início da campanha propriamente dita, em meados de agosto, todos os outros mistérios irão se dissipando até o primeiro domingo de outubro, com grandes chances de ocorrer o desfecho apenas três semanas após, na data para qual está marcado o segundo turno das eleições de 2024.

Não Notícia

Até lá, haja plantação de notas… Por outro lado, em tempos de filmografia sobre Napoleão Bonaparte, como teria dito outro imperador famoso pelas conquistas, Júlio César, antes da travessia do Rubicão e a tomada de Roma: alea iacta est, "a sorte está lançada".

Estado da União

Cerca de três semanas após encerradas as eleições municipais de 2024 no Brasil, irá ocorrer aquela que mais importa e interessa ao mundo e à paz mundial, a eleição presidencial americana.

Na mesma quinta-feira, 07 de março, em que Helder postou no instagram a notícia da filiação de Igor Normando ao MDB, Joe Biden talvez tenha tido o seu mais simbólico momento político para a história deste seu mandato presidencial.

Uma noite inspirada do americano foi o que se presenciou e se pôde assistir em seu discurso aos congressistas, o State of Union, que ocorre anualmente no Capitólio, a sede do parlamento dos EUA.

Aos 81 anos, o pronunciamento feito pelos estrategistas da sua presidência e do partido Democrata foi lido com vigor, entusiasmo, brilho nos olhos e imensa repercussão positiva nas cadeiras ocupadas pelo seu partido na Casa.

Deu tudo certo na estratégia que os democratas buscavam para produzir imagens e captar frases que já estão sendo utilizadas e assim irão permanecer até a confirmação da sua candidatura e a campanha propriamente dita.

Biden foi incisivo em suas críticas ao "predecessor", citado em treze oportunidades, entre outras, o criticando e insinuando que, diferente dele, sabe a postura, missão e responsabilidades que o cargo exige.

Foi grandiloquente já no início, citando Franklin Roosevelt naquela tribuna após o ataque a Pearl Harbor, em dezembro de 1941. Além do atentado contra a democracia em 06 de janeiro de 2021, Biden criticou Trump por curvar-se diante de Putin.

"Sr Gorbachev, derrube este muro"

Também em seu desfavor, o comparou a outro republicano, Ronald Reagan, que bem diferente dele, Trump, pediu ao soviético Mikhail Gorbachev que derrubasse - e conseguiu - o Muro de Berlim, que separava a Alemanha e o ocidente dos países que compunham o lado oriental da "Cortina de Ferro".

Imigração, guerras, economia e a campanha estiveram no pronunciamento capaz de representar a virada que o americano precisa para combater uma desaprovação que teima em não se disassocair de seu governo, apesar de inúmeros indicadores favoráveis.

Biden busca se reaproximar dos eleitores independentes, ao mesmo tempo em que precisa motivar os (eleitores) democratas a saírem de casa para votar.

Na outra ponta, o democrata precisa, por meio de gestos, atos de governo e campanha, contraditar as acusações de que está velho demais e, até mesmo, gagá.

Como se vê, lá como cá, o momento é de alinhamento dos interesses comuns, reunião dos aliados e definição das estratégias para o ataque aos adversários e/ou inimigos da ocasião.

Dilemas da Mel

Enquanto "o mundo gira e a lusitana roda", seguem os dilemas da inocente, levada e tinhosa Mel Catarina, a encantadora, charmosa e virgem Border Collie que habita na nossa moradia, que são demasiado complexos e profundos para que sejam analisados nessas mal traçadas estendidas até aqui.

No que faço associado a um pedido de escusas pela notícia exposta em manchete ora não cumprida, afirmando que em outra oportunidade, eles, os seus (ou nossos) dilemas caninos serão emoldurados neste espaço.

Ótimo domingo e semana aos estimados (as) e gentis leitores (as).

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