Uma revelação em 2023 balançou o mundo das empresas de
tecnologia, usuários e os curiosos em geral: a entrada em operação do ChatGPT,
uma espécie melhorada de “Google ambulante”, que também pode ser interpretado
como um “porta-voz” da Inteligência Artificial (IA) por quem faz uso da
ferramenta tida como revolucionária. E polêmica.
Polêmica I
São muitas as polêmicas. Tome-se como exemplo a ação movida pelo The New York Times contra a OpenAI e a Microsoft, sob a alegação do uso indevido e ilegal de “milhões” de artigos do periódico protegidos por direitos autorais. Para muitos, o imbróglio pode definir o futuro da IA e do jornalismo.
Uso justo
O processo relativo a prováveis violações de propriedade
intelectual está longe de ser o primeiro do gênero por aquelas bandas. Se de um
lado não se pode subestimar a força de um gigante como o jornalão, do outro, há
quem aposte que os defensores da prática irão se valer de um precedente já
utilizado pelo próprio Google, citado acima: o Fair Use ou “uso justo” das informações.
Processos internos
Ao fato: a empresa de tecnologia copiou as informações obtidas no jornal,
fez combinações com outros conteúdos e os usou para treinar um *chatbot de IA com capacidade para
conversar sobre um oceano de temas.
*Chatbot
A quem interessar possa: chatbot é um software, mais uma
ferramenta disponibilizada pela inteligência artificial capaz de dialogar (e
responder) por meio de voz ou texto, em tempo real.
NYT no ataque
O jornal novaiorquino alega duas violações: a digitalização
e cópias dos seus artigos, classificados como uma prática de “input”, e outra,
referente a cópias de resumos detalhados de materiais protegidos por pagamentos
para acessá-los.
Duelo de gigantes
Como se vê, caberá à justiça federal americana dar razão ao
mais influente jornal mundial ou a Microsoft, uma empresa de trilhões, e a sua
nova parceira, a OpenAI, a quem pagou 10 bilhões de dólares pelo uso em suas
plataformas da sua joia, o ChatGPT.
Polêmica II
Além da lide movida em jurisdição federal pelo maior jornal do mundo, por
aqui, ano de eleições municipais, o debate também já está posto. A razão é a
proliferação de “fake news” a partir do uso de ferramentas de… inteligência
artificial.
Eleições em risco
No Brasil, a polícia investiga a proliferação do uso da IA
para espalhar vozes falsamente atribuídas a prefeitos de três estados: do nosso
vizinho Amazonas, de Sergipe e do Rio Grande do Sul. Ou seja: a bandidagem já
se instalou de norte a sul.
Deepfake
Segundo quem entende e a polícia, os meliantes se valem de
uma técnica conhecida como “deepfake”, quando se procura imitar o jeito de
falar e até o timbre das vítimas. As mensagens podem ser enviadas por whatsapp
e outras redes.
Desinformação
Como a voz é muito semelhante, um dos principais desafios
das vítimas é combater a desinformação. Ou seja: agir rápido.
TSE na área
Para combater esses e outros males, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, já propôs a regulamentação do uso de inteligência artificial no Brasil. No caso de uso indevido por políticos, Moraes defende até a cassação de mandatos.
Audiência pública
Dia 25 de janeiro, o TSE vai realizar uma audiência pública
e será formulada uma resolução que regulamente o uso de IA em campanhas
eleitorais. Para o tribunal, a exclusão de materiais falsos deve ser de
responsabilidade das redes sociais, assim que sejam notificadas dos dolos.
Tema no Congresso
Os presidentes de Câmara e Senado também já se manifestaram
sobre a questão. O deputado Arthur Lira declarou entender que cabe ao
Parlamento regulamentá-la, e deseja votar seu marco regulatório neste semestre.
O senador Rodrigo Pacheco apresentou um projeto de lei em maio de 2023, onde
propôs estabelecer “diretrizes gerais para o desenvolvimento, implementação e
uso de sistemas de inteligência artificial no Brasil”.
Banimento
Como forma de salvaguardar a lisura do processo eleitoral
este ano, há quem proponha proibir explicitamente o uso de IA na propaganda
eleitoral, nas peças publicitárias, seja por texto, imagem ou voz. A audiência
pública do dia 25 e os debates previstos prometem.
Kwai e manipulação
Reportagem de Pedro Pannunzio na revista piauí de janeiro sobre a rede social que tem 48 milhões de usuários no Brasil revela clonagem de contas e pagamento
de conteúdos desonestos.
Vídeos curtos e mentira
O Kwai é uma plataforma chinesa de vídeos curtos. Como forma
de aumentar a sua audiência, a rede compra material produzido por terceiros,
chamados de “agências de conteúdo”. O jornalista afirma que a rede adquire
material mesmo sabendo que seja falso ou mentiroso.
Fake news again
Segundo Pannunzio, por meio de documentos aos quais a
revista teve acesso, na busca por seguidores e popularidade, executivos da
plataforma seriam adeptos de uma “política deliberada de estímulo a
irregularidades (...), seja por meio da divulgação de fake news, da clonagem deliberada de contas de usuários de outras
plataformas e até do impulsionamento de candidatos à Presidência da República,
coisa que as redes sociais são impedidas de fazer”.
Big Brother
A reportagem revela ainda que em outubro último, a Rede
Globo anunciou a Kwai como uma das patrocinadoras do Big Brother Brasil. Alguém confirma?
Unicórnios
Matéria publicada nesta quarta-feira, 17, em O Estado de S.
Paulo, fala da “volta dos unicórnios” e a previsão pelo mercado do retorno das
startups bilionárias após dois anos de retração.
2023
Ano passado, afirma a autora Cleide Silva, apenas uma empresa de tecnologia atingiu valor de mercado de US$1
bilhão, garantindo o título de ‘unicórnio’. Para 2024, escreveu ela, há seis
apostas, a maioria do segmento financeiro.
Apelido
O apelido é dado às empresas iniciantes avaliadas em um bilhão de dólares
antes de terem o capital nas bolsas de valores. Atualmente, apenas vinte e seis
startups brasileiras são consideradas unicórnios. Nubank e iFood são as pioneiras.
14 mil
Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups),
existem por volta de quatorze mil startups por aqui. As expectativas são de que
seis delas estão na lista de apostas de quem entende para se tornarem
unicórnios em 2024 ou 2025.
4 fintechs
Quatro delas são fintechs, ou seja, ligadas ao segmento financeiro:
Asaas, idwall, Parfin e QI Tech. Uma trabalha com o agro, a agtech Agrotools, e
a outra, eureciclo, pertence ao segmento ambiental.