Inteligência Artificial e o perigo nas redes: uma decisão da justiça dos EUA e o futuro do jornalismo.

E ainda: A questão no Brasil, o TSE, as eleições, Alexandre de Moraes, fake news, acusação de manipulação no Kwai e muito mais…

17/01/2024 15:29
 Inteligência Artificial e o perigo nas redes: uma decisão da justiça dos EUA e o futuro do jornalismo.

Uma revelação em 2023 balançou o mundo das empresas de tecnologia, usuários e os curiosos em geral: a entrada em operação do ChatGPT, uma espécie melhorada de “Google ambulante”, que também pode ser interpretado como um “porta-voz” da Inteligência Artificial (IA) por quem faz uso da ferramenta tida como revolucionária. E polêmica.

Polêmica I

São muitas as polêmicas. Tome-se como exemplo a ação movida pelo The New York Times contra a OpenAI e a Microsoft, sob a alegação do uso indevido e ilegal de “milhões” de artigos  do periódico protegidos por direitos autorais. Para muitos, o imbróglio pode definir o futuro da IA e do jornalismo.


Uso justo

O processo relativo a prováveis violações de propriedade intelectual está longe de ser o primeiro do gênero por aquelas bandas. Se de um lado não se pode subestimar a força de um gigante como o jornalão, do outro, há quem aposte que os defensores da prática irão se valer de um precedente já utilizado pelo próprio Google, citado acima: o Fair Use ou “uso justo” das informações.

Processos internos

Ao fato: a empresa de tecnologia copiou as informações obtidas no jornal, fez combinações com outros conteúdos e os usou para treinar um *chatbot de IA com capacidade para conversar sobre um oceano de temas.  

*Chatbot

A quem interessar possa: chatbot é um software, mais uma ferramenta disponibilizada pela inteligência artificial capaz de dialogar (e responder) por meio de voz ou texto, em tempo real.

NYT no ataque

O jornal novaiorquino alega duas violações: a digitalização e cópias dos seus artigos, classificados como uma prática de “input”, e outra, referente a cópias de resumos detalhados de materiais protegidos por pagamentos para acessá-los.

Duelo de gigantes

Como se vê, caberá à justiça federal americana dar razão ao mais influente jornal mundial ou a Microsoft, uma empresa de trilhões, e a sua nova parceira, a OpenAI, a quem pagou 10 bilhões de dólares pelo uso em suas plataformas da sua joia, o ChatGPT.

Polêmica II

Além da lide movida em jurisdição federal pelo maior jornal do mundo, por aqui, ano de eleições municipais, o debate também já está posto. A razão é a proliferação de “fake news” a partir do uso de ferramentas de… inteligência artificial.

Eleições em risco

No Brasil, a polícia investiga a proliferação do uso da IA para espalhar vozes falsamente atribuídas a prefeitos de três estados: do nosso vizinho Amazonas, de Sergipe e do Rio Grande do Sul. Ou seja: a bandidagem já se instalou de norte a sul.

Deepfake

Segundo quem entende e a polícia, os meliantes se valem de uma técnica conhecida como “deepfake”, quando se procura imitar o jeito de falar e até o timbre das vítimas. As mensagens podem ser enviadas por whatsapp e outras redes.

Desinformação

Como a voz é muito semelhante, um dos principais desafios das vítimas é combater a desinformação. Ou seja: agir rápido.

TSE na área

Para combater esses e outros males, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, já propôs a regulamentação do uso de inteligência artificial no Brasil. No caso de uso indevido por políticos, Moraes defende até a cassação de mandatos.

Audiência pública

Dia 25 de janeiro, o TSE vai realizar uma audiência pública e será formulada uma resolução que regulamente o uso de IA em campanhas eleitorais. Para o tribunal, a exclusão de materiais falsos deve ser de responsabilidade das redes sociais, assim que sejam notificadas dos dolos.

Tema no Congresso

Os presidentes de Câmara e Senado também já se manifestaram sobre a questão. O deputado Arthur Lira declarou entender que cabe ao Parlamento regulamentá-la, e deseja votar seu marco regulatório neste semestre. O senador Rodrigo Pacheco apresentou um projeto de lei em maio de 2023, onde propôs estabelecer “diretrizes gerais para o desenvolvimento, implementação e uso de sistemas de inteligência artificial no Brasil”. 

Banimento

Como forma de salvaguardar a lisura do processo eleitoral este ano, há quem proponha proibir explicitamente o uso de IA na propaganda eleitoral, nas peças publicitárias, seja por texto, imagem ou voz. A audiência pública do dia 25 e os debates previstos prometem.

Kwai e manipulação

Reportagem de Pedro Pannunzio na revista piauí de janeiro sobre a rede social que tem 48 milhões de usuários no Brasil revela clonagem de contas e pagamento de conteúdos desonestos.

Vídeos curtos e mentira

O Kwai é uma plataforma chinesa de vídeos curtos. Como forma de aumentar a sua audiência, a rede compra material produzido por terceiros, chamados de “agências de conteúdo”. O jornalista afirma que a rede adquire material mesmo sabendo que seja falso ou mentiroso. 

Fake news again

Segundo Pannunzio, por meio de documentos aos quais a revista teve acesso, na busca por seguidores e popularidade, executivos da plataforma seriam adeptos de uma “política deliberada de estímulo a irregularidades (...), seja por meio da divulgação de fake news, da clonagem deliberada de contas de usuários de outras plataformas e até do impulsionamento de candidatos à Presidência da República, coisa que as redes sociais são impedidas de fazer”. 

Big Brother

A reportagem revela ainda que em outubro último, a Rede Globo anunciou a Kwai como uma das patrocinadoras do Big Brother Brasil. Alguém confirma?

Unicórnios

Matéria publicada nesta quarta-feira, 17, em O Estado de S. Paulo, fala da “volta dos unicórnios” e a previsão pelo mercado do retorno das startups bilionárias após dois anos de retração.

2023

Ano passado, afirma a autora Cleide Silva, apenas uma empresa de tecnologia atingiu valor de mercado de US$1 bilhão, garantindo o título de ‘unicórnio’. Para 2024, escreveu ela, há seis apostas, a maioria do segmento financeiro.

Apelido

O apelido é dado às empresas iniciantes avaliadas em um bilhão de dólares antes de terem o capital nas bolsas de valores. Atualmente, apenas vinte e seis startups brasileiras são consideradas unicórnios. Nubank e iFood são as pioneiras.

14 mil

Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem por volta de quatorze mil startups por aqui. As expectativas são de que seis delas estão na lista de apostas de quem entende para se tornarem unicórnios em 2024 ou 2025.

4 fintechs

Quatro delas são fintechs, ou seja, ligadas ao segmento financeiro: Asaas, idwall, Parfin e QI Tech. Uma trabalha com o agro, a agtech Agrotools, e a outra, eureciclo, pertence ao segmento ambiental.

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